Não é só Brasil que vem passando comum momento de contenção, mas a América Latina como um todo registrou uma desaceleração no consumo no ano passado, com um crescimento do PIB de apenas 1,2%, versus 2,8% em 2013 e conta com previsões de baixo crescimento (1,3%) para este ano. Esses são dados levantados pela Kantar Worldpanel. A insegurança e a violência ainda ocupam o primeiro lugar quando o assunto é a principal preocupação dos latino-americanos, com 59%. Em segundo lugar, como tema que mais aflige, aparece saúde, com 45%.
Aumento de preço e a inflação também seguem no topo das principais preocupações da região e estão em terceiro lugar, com 44%, seguidos da crise econômica mundial (36%) e do aquecimento global (29%). A preocupação com o aumento de preços e a inflação é mais concentrada na Venezuela e Argentina, ficando em segundo lugar nos dois países e perdendo apenas para insegurança e violência. O Brasil não fica fora desta tendência, pois o tema intriga cada vez mais os brasileiros. Em 2010, 35% pontuaram a inflação como sua maior preocupação, já, em 2014, este número subiu para 42%.
Este contexto vivido na América Latina acabou impactando o otimismo da população, principalmente quando avaliam a situação do país, que volta a patamares pré-crise em 2008 e 2009. Apenas 47% avaliam que a situação do país está melhor ou igual ao ano anterior. Ainda que o Brasil esteja acima da média Latam, seu nível de otimismo com relação ao país caiu 13 pontos percentuais em 2014.
Quando comparado com o cenário mundial, verificamos que a América Latina ficou bem abaixo da média global (3,3%), perdendo de economias avançadas que cresceram mais que a região (1,8%). Segundo o estudo, foi possível analisar que os responsáveis por sustentarem o crescimento foram os países emergentes, que registraram um aumento de 4,4% em seu PIB. Fatores externos, como os preços mais baixos das commodities, assim como a desaceleração da economia chinesa – um dos principais parceiros comerciais da América Latina – e fatores internos, relacionados à gestão econômica de cada país, influenciaram os resultados na região.
Em 2014, o crescimento econômico foi liderado pela Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador e Peru, que registraram crescimento entre 4% e 5%. Enquanto isso, as principais economias, como Brasil e México, se mantiveram estáveis, junto ao Chile. Já Venezuela e Argentina foram fortemente afetadas pela inflação e registraram taxas de crescimento negativas.
Segundo a pesquisa, o ano de 2015 deve registrar um tímido crescimento na economia da América Latina, porém o esperado é que a recuperação econômica só aconteça em 2016. De acordo com a pesquisa, é possível traçar três diferentes cenários na região levando em consideração os resultados atuais do PIB e expectativas de crescimento para os próximos dois anos. Entre os países com maiores possibilidades de crescimento está o Peru, a projeção é que seu PIB cresça 5,1% este ano. Na sequência aparecem Chile, com 3,3%, e México com 3,2%. Já na contramão, Venezuela e Argentina se mantém como maiores incertezas dentro da região.
Apesar deste cenário, o consumo dentro do lar cresceu 2,7% em volume e 13,8% em valor na América Latina, mas este último número é muito influenciado pela alta inflação, principalmente na Argentina e Venezuela, não retratando um crescimento no consumo. Neste contexto, quem melhor se destacou foi o Brasil com crescimento de 5,0% em volume e 15,4% em valor. Outros países como, Bolívia, Chile e também o Brasil, diminuíram o número de visitas ao ponto de venda e apresentaram um aumento nos gastos em cada ocasião de compra para equilibrar o orçamento. A mesma tendência não se mantém em países como Peru, América Central e Colômbia, que foram na contramão, aumentando a frequência de compra com ticket médio menor.
Além disso, 50% dos países reduziram o consumo de alimentos e itens de cuidado pessoal. A cesta de bebidas é a que cresceu em mais países, com destaque para os refrigerantes. A categoria registrou crescimento de 3,7% em volume na Colômbia, 4,1% na Bolívia, 4,6% nos países da América Central e 3,0% no Chile. O Brasil é o país com melhor performance da região, apresentando um crescimento em volume acima de 5,0% nas cestas de alimentos, produtos lácteos, cuidado do lar e cuidado pessoal, porém apresentou crescimentos menores com relação a cesta de bebidas, com destaque para cerveja que cresceu 2,3%, suco pronto para beber com 1,7% e suco em pó com, 1,1%.