Por mais que seja exigido e debatido, a acessibilidade de pessoas com deficiência física ainda é um problema na nossa sociedade. A locomoção de cadeirantes e deficientes visuais é um grande desafio, vide a falta de urbanização adequada a eles. A comunicação de surdos e mudos também não é nada fácil, já poucas são as pessoas que conhecem a linguagem de libras. Ainda que esse seja um ponto de grande responsabilidade dos Governos, as empresas também são bastante importantes na sociedade. Como aponta a gerente de relações corporativas e sustentabilidade do Magazine Luiza, Ivone Santana, as organizações são mais perenes que os governos, que mudam de quatro em quatro anos e, geralmente, não realizam continuidade de gestões antigas. “Então, por essa característica, e por ter uma interação muito grande com a sociedade, como é o caso do Magazine Luiza, elas têm um papel influenciador muito forte”, adiciona.
Como a executiva explica, conforme as empresas inserem cada vez mais colaboradores portadores de deficiência e investem na acessibilidade e aproximação de clientes deficientes em suas lojas, mais elas proporcionam à sociedade a oportunidade de conviver com as pessoas de um jeito diferente. “Que é um jeito respeitoso. As pessoas veem um aspecto profissional naquela pessoa, que antes era vista apenas pela característica da deficiência”, diz. Mais do que isso, os negócios, principalmente os varejistas, em que o relacionamento com o consumidor é um pilar essencial para o sucesso e buscam a sua excelência, atender às necessidades de todos os públicos deve fazer parte de suas culturas. “Acessibilidade a todos faz parte do próprio negócio. Todas as pessoas, com e sem deficiência, precisam ter um bom atendimento e ter acesso aos produtos e serviços. Essa é uma premissa até de negócio.”
Outro ponto importante levantado pela gerente é a importância dessa inclusão fazer parte dos valores da empresa, que preza pelas diferenças e está em seu código de conduta. “No credo do Magazine Luiza, em todos os documentos que falam de sua cultura, está bem explícito que todos são bem-vindos e não podem ser discriminados por sua condição social, física, orientação sexual, etnia, religião. Todas essas diferenças são bem-vindas.” Sem contar que a empresa, ao investir no acesso de clientes deficientes, também está de acordo com a Lei de Acessibilidade, de 2000.
Porém, mais do que isso, as empresas ainda colhem o fruto do reconhecimento do público ao possuir tal postura. Segundo Ivone, uma pesquisa realizada pelo Instituto Akatu mostrou que os clientes percebem quando uma instituição é socialmente responsável. “E o primeiro fator de percepção que influência nos clientes é se ela contrata pessoas que tenham deficiência, mais até do que empresas que investem muito em educação, meio ambiente etc”, afirma ela. Já, para que isso dê certo, é essencial que o negócio tenha boa vontade em realizar a inclusão social. “O importante é praticar as regras do bom atendimento. Não importa, como diz a Dona Luiza, se é negro ou branco, rico ou pobre, bonito ou feio, o cliente tem que ser bem atendido, essa é a base dos relacionamentos”, finaliza a executiva.