Mauro Levi D'Ancona, cofundador e CEO da 180° Seguros

As virtudes do embedded insurance para CX e cultura do setor

Cofundador da 180° Seguros descreve os caminhos de implantação do conceito que se propõe a fortalecer o segmento no país

A exemplo do que ocorre no mercado financeiro, que respira novos ares desde que o Banco Central iniciou um processo de transformação da atividade visando maior competitividade, o segmento de seguros também vem se diversificando e ampliando os modelos de atuação. Nos moldes das fintechs e suas inovações, as insurtechs começam a explorar possibilidades, sanando dores ou atraindo novos clientes pelo viés tecnológico, como é o caso da 180° Seguros e a proposta de embedded insurance, ou seja, seguros embutidos. Fundada há dois anos, a startup empodera empresas de outros mercados a venderem produtos securitários onde e quando estes se mostram oportunos ou necessários. Demonstrando de que forma essa ideia, inserida no conceito de insurance-as-a-service, pode baratear preços de seguros e mudar a cultura do brasileiro em relação ao tema, Mauro Levi D’Ancona, cofundador e CEO da 180° Seguros, participou, hoje (18), da 585ª live da Série Lives – Entrevista ClienteSA.

Preferindo conceituar o mercado de seguros como um segmento repleto de oportunidades, Mauro iniciou a conversa relembrando sua carreira dentro do setor financeiro, que lhe proporcionou uma visão ampla do mundo das startups. Depois de experiências no mercado de investimentos e de private equity, ele chegou ao Nubank, em 2016, quando a fintech não possuía mais que 100 mil clientes, e saiu, depois de cinco anos, quando a carteira já acumulava mais de 36 milhões. Isso serviu para que o executivo vislumbrasse potencialidades dentro do universo de oferecer soluções para dores de clientes, em ambientes complexos de competitividade, por meio de uma proposta com viés tecnológico.

A visão dessa dinâmica foi suficiente para Mauro lançar o olhar para o segmento de seguros, que movimenta R$ 270 milhões ao ano e que vem passando por mudanças regulatórias semelhantes às que sacodem atualmente todo o setor financeiro. Dessa forma, ao lado de Alex Körner, ex-diretor de seguros do Santander, e Franco Lamping, ex-engenheiro de software do Nubank, criou a 180° Seguros, no modelo B2B2C.

“Ao analisar o potencial desse segmento, percebemos que, a despeito de sua magnitude, é ainda pouco penetrado, representando pouco mais da metade da média mundial. Ou seja, poucos brasileiros ainda possuem produtos de seguros e os motivos para isso são muitos, incluindo aspectos da cultura.”

Dentro desse panorama, explicou ele, uma das premissas, era a de que de nada adiantaria lançar um bom produto no mercado de seguros sem um bom canal de distribuição. Paralelamente, outra conclusão era a de que o setor não apresentava ainda a mesma facilidade do mobile para consumo e relacionamento com os clientes. Dessa forma, a 180° nasceria com a proposta de que as empresas multicanais incluíssem ofertas de seguros em suas atividades. “É desse movimento que surgiu o termo embedded insurance, ou ‘seguro embutido’, que nada mais é que vender esses produtos onde e quando eles são mais necessários.” O CEO exemplificou com o seguro residencial na comercialização de um imóvel, seguro de auto na venda de um veículo, etc. Assim, a insurtech se dedica a empoderar as empresas para venda de seguros, sempre aproveitando as potencialidades da tecnologia. Tanto que, dos 80 colaboradores atuais da organização, mais da metade se dedica a produtos e TI, criando ferramentas para a venda on-line de seguros.

Depois de contar toda a trajetória que levou à conquista da confiança dos fundos de investimentos que apostaram na ideia da 180°, em 2020, Mauro mostrou as vantagens de evitar o custo de aquisição de clientes sempre presente nas insurtechs que optaram pelo tradicional modelo B2C. Ele exemplificou, dentro do leque de possibilidades da proposta, com a criação do primeiro seguro intermitente no país, que é a proteção, por uma hora, dos pertences dentro de um veículo estacionado na Zona Azul, ao preço de R$ 0,49, embutido em um app para motoristas. Por meio dessa flexibilidade de coberturas pontuais, com a conveniência do digital e a confiabilidade nas empresas, pode-se mudar a própria cultura securitária no país, na visão do executivo.

Questionado pelo público que acompanhava a live, o CEO respondeu afirmativamente sobre a possibilidade desse tipo de atividade, mais dentro do modelo insurance-as-a-service, ajudar a diminuir a assimetria de preços hoje existente no segmento, deslocando a competitividade para o âmbito da experiência do cliente. Na sua concepção, ao embutir o produto nas ofertas de organizações já consolidadas e desfrutando da confiança dos clientes, a tendência é nivelar os preços do seguro para baixo e dentro de jornadas também já plenamente aprovadas. Depois de explanar sobre os avanços das regulamentações do segmento para possibilitar esses diferenciais, Mauro pôde ainda detalhar de que forma nascem as ofertas diferenciadas pela insurtech, superando as limitações dos chamados produtos de prateleira muito comuns no setor, além de esmiuçar a forma como são feitas as pesquisas de satisfação, incluindo os desafios para o equilíbrio entre as ferramentas envolvidas e a humanização no relacionamento.

O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 584 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA terá sequência amanhã (19), recebendo Gabriel Kayser, diretor de customer experience da FedEx; que abordará o foco no cliente para evoluir na experiência de entregas; na quinta, será a vez de Philip Klien, CEO da ClickBus; e, encerrando a semana, o Sextou debaterá o tema “CX: Na era digital, como fazer a diferença com a humanização?”, com os convidados Leidiane Jardim de Sousa, head de customer operations na Cobli, Eric Baravelli, diretor de experiência do cliente da Contabilizei, Igor Ripoll, VP de sales e customer success da Único, Karla Danianne de Castro, head de digital no Grupo Fleury e Juliana de Paula, diretora de negócios da Atento.

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