Autor: Alisson Aguiar
A Black Friday acontece apenas em novembro, mas no universo do e-commerce a preparação começa meses antes: é preciso garantir a infraestrutura tecnológica, definir uma estratégia e traçar metas para cumprir prazos e assegurar a satisfação do consumidor. Isso porque a data – que vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil – conta com numerosas particularidades em relação ao comportamento do consumidor e requer não só uma análise de dados mais profunda, a partir de eventos passados, como uma estrutura mais robusta para que não haja interrupções nos serviços online.
Em datas especiais como Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal, a demanda é diluída entre as semanas anteriores, enquanto uma das características principais da Black Friday é justamente a concentração de ofertas em um curto período de tempo. Isso, obviamente, traz mais acessos simultâneos às plataformas de e-commerce, um desafio que a ser superado ano após ano. Do ponto de vista da tecnologia, o conhecimento sobre a demanda e seus aspectos como tráfego esperado, volume de dados processados e novos cadastros, por exemplo, ajudam as empresas a adaptar a infraestrutura para atender ao volume sazonal.
Cada objetivo deve ser calculado com base no pico esperado por todas as áreas, do marketing ao estoque, tendo em mente métricas como número de acessos simultâneos, pedidos por minuto e visualizações de página, entre outras. Um trabalho sólido de engenharia de dados envolvendo o mapeamento, a organização e a implementação de tecnologias de análise é essencial para ter dados concretos sobre a operação à disposição e, assim, executar um planejamento coeso e estabelecer metas realistas em todas as etapas. Quanto mais se conhece sobre os comportamentos do passado, mais fácil se torna a tarefa de planejar a próxima “elevação da barra”.
Para conquistar aumento significativo nas vendas, é necessário contar com uma estrutura robusta. No entanto, não é financeiramente vantajoso manter boa parte da infraestrutura ociosa durante todo o ano. É aí que entra a estrutura em nuvem.
Rodar ou migrar uma operação para esse tipo de ambiente permite escalar rapidamente os serviços, garantindo a continuidade da experiência do cliente mesmo em momentos de alto tráfego. Além disso, a reversão também é simples: nos momentos de baixa demanda, é possível manter a estrutura enxuta, o que otimiza custos. Nesse caso, as metas estabelecidas com base em dados históricos de pico viabilizam testar os limites da estrutura atual e expandir sua capacidade para comportar os novos acessos apenas onde é necessário, mantendo a eficiência do negócio tanto financeira quanto tecnicamente.
Os testes de performance (Load Tests e Stress Tests) são ferramentas para submeter a aplicação a um nível elevado de carga, a fim de verificar qual é o volume suportado pelo e-commerce. Com esses resultados é possível decidir, por exemplo, se a infraestrutura deve ser aumentada para garantir o pico considerado ou se campanhas comerciais podem ser diluídas com o objetivo de trazer tráfego de forma mais espaçada, caso o aumento de infraestrutura não seja viável. Em ambos os casos, a decisão sempre passa pela análise de dados do comportamento passado (os picos verificados) e do presente (por meio dos testes de estresse) a fim de garantir uma boa experiência para o consumidor final.
Os dados são a base para qualquer boa operação. Ter pleno conhecimento sobre eles permite desbloquear informações valiosas que facilitam o planejamento, as projeções e as adaptações necessárias para oferecer sempre a melhor experiência. Durante a Black Friday e em qualquer época do ano, dominar a tecnologia por trás de um negócio é estar no caminho certo para o sucesso nas vendas.
Alisson Aguiar é head de Digital Commerce na Compasso.