Ari Gorenstein, co-CEO da Evino

Brasileiro descobre o vinho

O consumo per capita de vinho no país, ao longo da quarentena imposta pelo novo coronavírus, se elevou em perto de 50%, se comparado à média dos anos anteriores. O brasileiro, passando muito tempo em casa e desfrutando mais das facilidades do universo on-line, descobriu tratar-se de uma bebida acessível e propícia aos momentos gastronômicos e de relaxamento individual ou em família. Esse foi o cenário perfeito para acelerar o crescimento da Evino, cuja plataforma digital especializada no produto vinha, desde a fundação há sete anos, empenhada em transformar o conceito sobre a bebida para algo mais popular. Os detalhes desse momento foram compartilhados, hoje (20), por Ari Gorenstein, co-CEO da Evino, durante a 189ª live da série de entrevistas dos portais ClienteSA e Callcenter.inf.br, ao contar como a empresa se aproveitou não só para ultrapassar desafios, mas para se aproximar ainda mais dos consumidores com oferta de novas experiências de consumo.

Mesmo lamentando todas as consequências negativas trazidas pela pandemia em todo o mundo, o executivo não pôde deixar de dar relevo ao que representou para a empresa a elevação do consumo do vinho no país no período. Um padrão que passou, em 2020, dos habituais dois litros per capita para quase três litros. “Trata-se de uma bebida que deixou de ser encarada como um produto elitista e ganhou presença massiva na mesa dos brasileiros. Seja nas experiências gastronômicas, em experiências de relaxamento entre família ou nos encontros de happy hour, presenciais e virtuais. Até mesmo o novo hábito do streaming, com as pessoas em casa, passou a ganhar a companhia do vinho.” Nessa nova realidade, ele espera que o consumo regular e moderado da bebida se mantenha como hábito consolidado no país. De acordo com sua avaliação, os consumidores brasileiros já começam a saber diferenciar até, por exemplo, as características do vinho fino e o de mesa. E as aquisições vão migrando de um para outro, da mesma forma que ocorre entre os vinhos importados e os nacionais. Neste caso, tanto os chamados vinhos finos trazidos de fora quanto os produzidos no país cresceram na mesma proporção.

O co-CEO contou que, em 2013, quando foi fundada a Evino, “a taça ainda estava longe de ficar cheia”, significando que o consumo do vinho ainda representava um significativo desafio para fabricantes, importadores e vendedores brasileiros. “Era preciso tirar essa bebida do pedestal em que se encontrava, mostrando-a como algo versátil para vários momentos de desfrute, convívio e celebração. E, assim, o hábito do consumidor em relação à bebida veio mudando aos poucos, mas se acelerando muito na quarentena.” Isso tudo se juntou à mudança de comportamento dos clientes também na atividade de pesquisa e aquisições, passando o online a jogar papel fundamental no dia a dia das pessoas. Um caminho que permite, no seu entender, muito mais informações sobre tudo que gira em torno do produto. O consumidor hoje, segundo ele, sonda as ofertas em detalhes, tais como a origem do vinho, quem está por trás de sua fabricação, se possui ou não conservantes, etc.

“Em contraponto a esse quadro favorável havia, entretanto, um problema”, relatou Ari: muitos pequenos vinicultores, que dependiam basicamente do enoturismo, se viram em dificuldades. “Pudemos, então, fazer uma iniciativa importante de apoio a esses empreendedores, notadamente os localizados na serra gaúcha. Uma ação social que levou em consideração a situação de cada um desses produtores, trazendo para nossa plataforma digital os que teriam mais dificuldades para mudar rapidamente o modelo do negócio.” A relação do consumidor com as marcas também se transformou acentuadamente ao longo do período de isolamento social, na constatação do executivo, e um dos fatores levados em conta é justamente o tipo de ação solidária em que as organizações estariam ou não empenhadas.

Para a Evino, além de tudo isso, o maior desafio no enfrentamento às transformações se deu na governança em relação aos cuidados higiênicos e de segurança aos colaboradores, todos em home office. E no aspecto da logística, a partir do seu centro de distribuição nacional no estado do Espírito Santo. Porque, em termos de tecnologia, a empresa já estava preparada, possuindo uma plataforma robusta, indispensável para suportar e reagir bem ao caráter marcante de sazonalidade desse mercado, explicou, complementando: “as mudanças do período nos levaram a transformar a cadeia de supply chain, uma preocupação em adaptar o ciclo completo do início ao fim. Trata-se de um desafio que nunca se vence em menos de cinco meses. Mas conseguimos êxito nisso e não se registrou nenhum estrangulamento na dinâmica do negócio”.

Depois de detalhar o desafio que está sendo ultrapassado pela empresa também no lançamento dos vinhos próprios em latinhas, na marca Vibra, o co-CEO da Evino falou do sucesso da embalagem Bag in Box, cujas vendas, embora ainda em margens pequenas, cresceram cerca de 600% durante a pandemia. Por fim, ele também destacou que, em virtude da pandemia, a empresa trocou todo o planejamento já desenhado para encontros presenciais, com foco na degustação dos vinhos, por lives abrangendo todo o universo do produto. Nessa linha, incluíram o oferecimento de experiências sensoriais, como, por exemplo, harmonizações, tipos de bebidas, etc. “Enfim, para o nosso negócio, soubemos aproveitar o vento a favor do digital para crescer e consolidar nossas conquistas. A competência e o comprometimento dos nossos times são aspectos fundamentais para que consigamos seguir respondendo à altura aos desafios”, concluiu.

O vídeo com a entrevista na íntegra está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 188 lives feitas com desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A série de entrevistas prosseguirá amanhã (21) recebendo Maurício Lambstain, diretor de relacionamento com clientes, compliance e DPO do Ekko Group, que falará da antecipação às tendências com inovações; e, encerrando a semana, o “Sextou?” colocará foco na realidade atual da indústria das franquias, com o debate entre Silvana Buzzi, diretora executiva da Associação Brasileira de Franchising, Daniel Roque, diretor de canais e expansão da Cacau Show e Fernando Toledo, diretor de operações da 5àsec.

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