Estudo do Itaú Unibanco mostra também que brasileiros gastam mais com esporte e lazer e fazem mais uso de Pix e carteiras digitais
Os brasileiros voltaram a viver fora de casa nos primeiros meses de 2022. Os gastos e transações em quadras esportivas – entre elas o beach tennis, que tem se expandido por todo o país – academias, viagens e atividades culturais e de lazer, como teatro, estão entre os que mais cresceram no primeiro trimestre deste ano. E as modalidades digitais, como pagamento por aproximação e Pix, ganham cada vez mais espaço na vida dos consumidores, com grande salto no uso no início deste ano. Os dados fazem parte da Análise do Comportamento de Consumo, relatório que traz um panorama dos gastos dos brasileiros no 1º trimestre de 2022 feito com base nas compras realizadas com cartões do Itaú Unibanco e nas vendas realizadas nos sistemas da Rede, empresa de meios de pagamentos do banco.
O estudo aponta que o pagamento por aproximação ganhou relevância nos últimos anos e é cada vez mais importante no bolso do brasileiro. No primeiro trimestre de 2022, a modalidade teve um salto de 375% no valor transacionado na comparação com o mesmo período do ano anterior — considerando as carteiras digitais, como Apple Pay, Google Pay e Samsung Pay, além do pagamento com o cartão físico usando a tecnologia NFC. Entre os estabelecimentos com mais uso estão Turismo e Eventos (+815 %); Drogarias (+628%); e Educação (+559%).
O Pix também avança na representatividade entre os meios de pagamento, com uma evolução de 262% no valor transacionado e 614% na quantidade de operações no período — considerando transações realizadas de pessoa física (CPF) para pessoa jurídica (CNPJ). Atualmente, o Pix representa 11% das movimentações, com cartões de crédito tendo 62% e cartões de débito, 27%.
Volta ao esporte, academias e lazer
Os dois anos de restrições de circulação se refletiram agora em um aumento do consumo em segmentos que tiveram que ser pausados durante a pandemia. Os gastos em quadras esportivas, por exemplo, tiveram alta de 126% no valor transacionado no primeiro trimestre deste ano, frente ao mesmo período de 2021. E as quadras de beach tennis — consideradas por muitos “o esporte do momento”, lideram esse movimento, com um aumento de 330% no valor transacionado e de 355% nas operações. O esporte, já consolidado nos estados do Sudeste, ganhou força nos primeiros meses de 2022 especialmente no Centro-Oeste e no Nordeste, com um boom no consumo. Ainda em relação às atividades esportivas, a pescaria também teve alta: um salto de 528% no consumo no período analisado pelo estudo.
As academias também têm recuperado o fôlego e apresentaram avanço de 76% no valor transacionado no primeiro trimestre do ano, superando os patamares de antes da pandemia (a alta foi de 29% na comparação com o mesmo período de 2019). O segmento foi especialmente impulsionado pela geração Z, que apesar de ter menor participação no consumo geral (5%), aumentou em 129% a quantidade de transações nesses estabelecimentos. A aposta na forma física também cresceu entre as gerações Y (+71%), Z (+70%) e Babyboomer (+64%).
A busca por lazer está em alta. Os teatros, tão prejudicados pelo isolamento social, agora veem suas salas de espetáculos voltando a encher. O setor teve um incremento de 526% no valor transacionado nos primeiros três meses do ano e 383% na quantidade de operações. O número ainda não supera o período pré-pandêmico, mas já está próximo. E os passeios nos zoológicos e aquários fizeram parte das atividades de entretenimento das famílias neste início de ano, com alta de 109% no valor transacionado e de 91% na quantidade de operações.
No segmento de educação, o consumo também mostra um movimento comportamental. Os gastos com materiais escolares cresceram 58% no primeiro trimestre na comparação com 2021, agora que as aulas voltaram ao presencial. Mesmo assim, os cursos online vieram para ficar e seguem em tendência de crescimento, com alta de 39% no intervalo analisado. Quando comparado com 2020, o aumento é de 88%.
Setores em destaque
Alguns segmentos apresentam destaque especialmente quando o consumo atual é comparado com o patamar registrado antes da pandemia. O setor de educação, por exemplo, teve alta de 51% no valor gasto em relação a 2020. O número de transações também evoluiu bastante, com aumento de 60% na comparação com 2020 e de 83% sobre os primeiros três meses de 2019.
O mesmo ocorre nos gastos com profissionais autônomos — que inclui técnicos de tecnologia da informação, serviços gerais de construção e de manutenção –, que tiveram demanda constante na pandemia. No primeiro trimestre de 2022, ante o mesmo período do ano passado, o aumento é de 30%. O número de transações feitas neste setor cresceu 76% na comparação com 2020, e teve um salto de 154% em relação a 2019. Entre as hipóteses para esse movimento, além do fato de que as pessoas estão mais tempo trabalhando em casa, está o aumento da oferta de profissionais para execução desses serviços no mercado, por conta do desemprego.
A compra em atacadistas também chama a atenção, com avanço de 43% na quantidade de transações em relação a 2020, e de 83% sobre 2019. O cenário inflacionário se destaca, com as pessoas buscando comprar mais barato, além de um aumento no número de profissionais liberais que trabalham com produtos alimentícios — e fazem grandes compras no setor.
Performance do varejo
O valor transacionado no varejo continua superando os níveis pré-isolamento, com aumento de 28% no primeiro trimestre de 2022 ante o mesmo período de 2021. Na comparação com o mesmo período de 2020, o crescimento foi de 40%; sobre 2019, de 56%.
A quantidade de transações nos primeiros três meses de 2022 foi 29% maior do que as realizadas no mesmo período de 2021. Já em relação ao trimestre anterior (4º tri de 2021), houve uma redução de 7% no valor transacionado — natural devido ao contexto de início de ano e um cenário macroeconômico mais desafiador.
As compras no varejo físico representaram 77% do volume em faturamento no primeiro trimestre de 2022. Já a participação das transações online se consolidou em 22%, mas segue tendência de crescimento em níveis superiores ao período pré-pandemia. No ambiente físico, os gastos cresceram 26% no período analisado (comparando com 2019, o aumento foi de 42%). Já o valor gasto nas compras on-line avançou 38% neste último trimestre, obtendo crescimento consistente — comparando com o mesmo período de 2020, a evolução foi de 84%, e ante 2019, o avanço foi de 126%.
Quando se aplica o recorte de gerações, os gastos dos zennials em compras online cresceu 81% no período. Seguidos pelas gerações Y (+29%), X (+21%) e pelos Babyboomers (+13%). E enquanto as mulheres são responsáveis por 52% das transações feitas pela internet, 55% do valor total consumido é dos homens.