Pesquisa da Neura mostra que 80% dos entrevistados acreditam ser possível se preparar para envelhecer mais e melhor
Segundo a pesquisa “A Permanência da Impermanência”, realizada pela Neura, curadoria de estudos comportamentais, 80% dos entrevistados acreditam ser possível se preparar para envelhecer melhor, mas apenas 4% relata que sempre se planejou para isso e 9% que já mudou hábitos recentemente pensando nessa questão. Outro comportamento observado é que as mudanças de rotinas acontecem com o aumento da idade. Além disso, a maioria das pessoas respondentes (71%) entende alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e os cuidados com a saúde mental como os principais pontos para a melhora na qualidade de vida.
Feito em parceria com a PiniOn, plataforma de pesquisa com mais de 3 milhões de usuários, o estudo traz análises e reflexões sobre o desafio de diminuir a influência de termos perenes, como envelhecimento e longevidade, e oferece novas possibilidades para pessoas, negócios e marcas por meio do conceito da impermanência. “Com uma metodologia proprietária que une pesquisas de mercado com a tecnologia da neurociência, a Neura busca ajudar marcas e negócios a compreenderem as decisões emocionais – os códigos não ditos – que estão no subconsciente e inconsciente das pessoas, para decisões mais assertivas”, explicou Andre Cruz, fundador e CEO da Neura.
De acordo com o executivo, “a vida não é uma linha contínua, mas sim uma jornada. Além disso, a morte não é apenas o nosso ponto de chegada. Somos diferentes, impermanentes e flexíveis e, por isso, precisamos nos permitir viver o momento e aceitar as mudanças. As únicas três permanências que temos na vida são: o nascimento, a morte e a impermanência. Por meio desse último conceito, propomos reflexões sobre a relação com a passagem do tempo e demais condicionantes que sejam capazes de provocar uma nova maneira de enxergar a vida, a sociedade e a forma como consumimos”.
Levantamento de dados
Na pesquisa não foi encontrado incômodo (apenas 12,8%) em falar sobre o tema de envelhecimento, mas, das faixas etárias, os jovens são os que mais possuem tabus sobre o assunto. Em geral, também não há grande ressalva em falar sobre idade (74,5% das pessoas não ligam), mostrando que a etiqueta social de não levantar essas questões em público encontra pouca ressonância no real incômodo de fornecer uma resposta. Porém, o estudo revela que as classes sociais mais altas se incomodam mais em falar sobre a idade e, além disso, as mulheres (17%) se preocupam duas vezes mais com termos como ‘idosa’, ‘senhora’ e ‘velhice’, do que os homens.
O que guia o estudo
De acordo com a análise, a impermanência é uma interação com o tempo e o reconhecimento de que mudanças são necessárias para o crescimento. Essa ideia se reflete em várias esferas da vida, incluindo sociedade e cultura, onde tendências surgem e desaparecem rapidamente, mas sempre trazem novas formas de continuidade.
“Enquanto o envelhecimento é uma visão linear e fatalista, a impermanência oferece uma perspectiva mais flexível e adaptativa à vida. É preciso levar em conta as vivências pessoais, histórico sociocultural e a jornada de cada um para tangibilizar as verdadeiras necessidades e anseios”, acrescentou Cruz.
Fatores influenciadores
De acordo com o conteúdo, as vidas permanentes são influenciadas por questões como predisposição genética, propósito imutável e planejamentos pensados a longo prazo. Já na impermanência, é necessário analisar a realidade sociodemográfica, além de manter o aprendizado contínuo e um planejamento sempre revisitado de acordo com as mudanças e necessidades.
Para lidar com os desafios que as vidas longas podem trazer, o estudo reforça a importância de garantir um envelhecimento saudável, maior independência pessoal, resiliência e planejamento financeiro, além de aumentar a representatividade e diversidade na sociedade. No levantamento, foi constatado que a questão de se programar para o futuro tem mais relação com três fatores principais: classe social, se as pessoas se consideram mais ou menos tradicionais e a possibilidade delas acharem que o melhor da vida está no passado ou no futuro. Na Classe A, apenas 7,9% não se prepara para o futuro, enquanto na DE, o número sobe para 32,3%.
“Nós não temos todos as mesmas 24 horas por dia. As mulheres sofrem mais com a passagem do tempo, por exemplo, e já as pessoas pretas vivem menos. Também analisamos que as minorias sobrevivem por além desta passagem. Por isso, entendemos que nós não temos todos a mesma existência e muito menos a mesma concepção de tempo e espaço”, afirmou Zed, coordenador do conceito criativo do estudo e pesquisador da Neura.
As marcas e as pessoas nessa nova sociedade
Além de analisar as condições das vidas impermanentes, é preciso levar em conta como são as marcas e os consumidores nessa nova forma de olhar o mundo. Adaptabilidade, empatia, inteligência emocional e resiliência são alguns dos condicionantes das pessoas impermanentes. Dos respondentes, 35% afirmou que sente a necessidade de novos produtos que ajudem e representem os esforços de uma vida longeva e qualitativa.
“É importante que as indústrias e marcas auxiliem no desejo de envelhecer com qualidade e se adaptem ao conceito de impermanência da sociedade atual. Para levantar todos esses pontos, juntamos cinco metodologias que foram essenciais nesse processo: desk research, Associação Implícita de Atributos (IAT), entrevistas e as pesquisas qualitativas e quantitativas”, detalhou Carolina Dantas, coCEO da PiniOn.
Como é a vida impermanente?
Ainda para o estudo, viver uma vida impermanente não é sobre sair da zona de conforto, mas sim se permitir aproveitar o conforto necessário, no momento oportuno, pela duração que for possível e nos aspectos da vida que são pertinentes. “Por fim, também fizemos uma análise da impermanência em alguns mercados como esportes, beleza, imóveis e moda. Levantamos que a inclusão, auto aceitação, coletividade, personalização e autoconhecimento são pontos importantes para o funcionamento desse novo modelo. O futuro impermanente é único, diverso e está em constante construção. É preciso se permitir viver o presente e mudar para o futuro”, finalizou Bruno Stassburger, pesquisador de cultura e comportamento da Neura.