Prática molda comportamentos, engaja equipes e alinha expectativas
Autor: Pedro Luiz Alves
Recentemente, durante uma reunião com um cliente, refletimos sobre o papel do líder na jornada do colaborador e como as ações de liderança impactam profundamente a vida das pessoas. Essa conversa trouxe à tona uma convicção que carrego após anos de experiência como consultor e estudioso no desenvolvimento de líderes: a principal responsabilidade de um líder é oferecer feedback de forma consistente e significativa.
O impacto de um líder não se limita a definir estratégias ou alcançar metas organizacionais, mas está, sobretudo, em transformar o potencial humano. O feedback é uma das ferramentas mais poderosas para isso, pois oferece aos colaboradores respostas claras sobre desempenho, comportamento e desenvolvimento. Ele funciona como um guia constante para o crescimento profissional e pessoal.
Muitos líderes, no entanto, ainda encaram o feedback como uma formalidade. É comum associá-lo a momentos específicos, como reuniões de avaliação de desempenho, geralmente voltadas para decisões de promoção, méritos ou até demissões. Essa visão limitada subestima o verdadeiro potencial do feedback, que deve ser contínuo, informal e integrado ao cotidiano do trabalho.
O feedback não é apenas uma conversa; é uma prática que molda comportamentos, engaja equipes e alinha expectativas. Segundo estudos publicados na Harvard Business Review, colaboradores que recebem feedback frequente apresentam níveis mais altos de engajamento, produtividade e bem-estar. Líderes que adotam essa prática criam um ambiente de confiança e crescimento, onde os colaboradores se sentem valorizados e compreendidos.
Além disso, o feedback desempenha um papel central na jornada do colaborador, desde a integração até a consolidação de sua carreira na organização. Quando o líder oferece respostas consistentes sobre o que está funcionando e o que precisa ser ajustado, ele não apenas orienta, mas também inspira.
Desmistificando o feedback
Um dos maiores desafios no uso do feedback é desconstruir a ideia de que ele é apenas uma ferramenta para apontar falhas. Feedback, na verdade, é uma via de mão dupla que deve incluir:
- Reconhecimento positivo: Valorizar os acertos fortalece a autoestima e incentiva a repetição de comportamentos desejados.
- Correção construtiva: Apontar áreas de melhoria com empatia e foco em soluções, sem transformar isso em críticas destrutivas.
- Apoio e direcionamento: Oferecer orientações claras e práticas para que o colaborador saiba como melhorar e alcançar seus objetivos.
A frequência e a naturalidade são igualmente importantes. Pequenos feedbacks, dados no momento certo, têm um impacto muito maior do que avaliações formais esporádicas.
O feedback como cultura
Para que o feedback seja realmente transformador, ele deve fazer parte da cultura organizacional. Isso significa que os líderes devem criar um ambiente onde o diálogo honesto seja valorizado e incentivado. Além disso, o feedback não deve ser exclusivo do líder para o colaborador. Trocas entre pares e feedbacks “de baixo para cima” também são fundamentais para criar equipes mais integradas e organizações mais resilientes. Construir uma cultura de feedback leva tempo, mas o esforço é essencial.
Uma cultura de feedback fortalece o senso de pertencimento, reduz conflitos e potencializa o aprendizado coletivo. Além disso, propicia a construção de relações de confiança, que ajudam a impulsionar a performance em todos os níveis da organização.
Dicas práticas para líderes
Para transformar o feedback em uma ferramenta poderosa, considere as seguintes práticas:
- Ofereça feedback no momento certo: Quanto mais próximo do evento, maior a eficácia.
- Seja específico: Evite generalizações e foque em situações reais e comportamentos observáveis.
- Adote uma abordagem empática: O objetivo não é criticar, mas ajudar o colaborador a crescer.
- Crie um espaço seguro: Permita que os colaboradores se sintam à vontade para receber e oferecer feedback.
- Pratique a frequência: Feedback é mais eficaz quando faz parte do dia a dia, e não apenas de momentos formais.
Lembre-se: liderar é, acima de tudo, transformar. E o feedback é uma das ferramentas mais poderosas para exercer essa transformação. Quando realizado de forma constante e significativa, ele não apenas melhora o desempenho individual e coletivo, mas também cria vínculos duradouros e uma cultura organizacional robusta.
Como líderes, não podemos fugir dessa responsabilidade. O impacto que geramos na vida dos colaboradores é o nosso legado. Portanto, abrace o feedback como uma prática essencial e veja como ele pode revolucionar não apenas a jornada de seus colaboradores, mas também a sua própria trajetória como líder.
Pedro Luiz Alves é sócio da Ação Consultoria, especialista em educação corporativa e consultor.