Alisson Aguiar, diretor de varejo global da Compass UOL

IA e RA aproximam lojistas e produtosdos consumidores em casa

Com a ajuda da IA, a RA redesenhou a maneira como compramos on-line, especialmente quando se trata de produtos físicos que tradicionalmente requerem uma experiência visual

Autor: Alisson Aguiar

Nos últimos anos, a venda por meio do e-commerce salvou milhares de negócios ao redor do planeta, enquanto serviu como catalisador para um movimento que já estava em curso: as pessoas estão comprando cada vez mais pelo celular. Essa mudança gera desafios, como o consumidor entender se uma roupa combina com o tênis que está usando ou se um sofá encaixa no espaço da sala.

Antes da necessidade de digitalização de praticamente qualquer negócio, a compra online já crescia em ritmo acelerado, e algumas tecnologias, como a realidade aumentada (RA), foram popularizadas com a evolução dos smartphones. No final da última década, Google e Apple criaram ferramentas – ARCore e ARKit, respectivamente – capazes de permitir que uma projeção virtual fosse inserida em um ambiente real sem a necessidade de grande maquinário ou poder computacional.

Isso aconteceu há cerca de seis anos, antes mesmo da inteligência artificial (IA) revolucionar todos os mercados, porém ela já estava presente. Foi a IA a responsável por possibilitar que um celular com apenas uma câmera convencional pudesse entender a profundidade do ambiente sem uma segunda lente, que antes era utilizada para simular a visão estereoscópica — a visão por dois olhos levemente separados, responsável pela percepção de profundidade que nós e outros animais temos.

Com a ajuda da IA, a RA redesenhou a maneira como compramos online, especialmente quando se trata de produtos físicos que tradicionalmente requerem uma experiência visual, como móveis, decoração e eletrônicos. Com a RA, os consumidores podem visualizar como um novo sofá ficaria na sala de estar, se um quadro combinaria com a decoração atual ou até mesmo como um novo eletrodoméstico se ajustaria na bancada da cozinha. Um dos usos mais inovadores dessa tecnologia é exibir a cor de uma tinta na parede da casa sem utilizar uma gota do galão — e sem comprar o galão para só depois perceber que ele não é do tom desejado.

Tudo isso utilizando um celular que o consumidor já tem em mãos, sem exigir nem sequer um modelo de alto desempenho. Com a RA, o comércio eletrônico passa a oferecer maior confiança na decisão de compra, reduzir a devolução de itens já enviados ao cliente, aumentar a personalização da experiência do comprador, economizar tempo ao não exigir a visita a diversas lojas virtuais, e oferecer acesso a produtos exclusivos.

Além disso, a combinação da RA com a IA abre as portas para o desenvolvimento de novas formas de interação no e-commerce, como a criação de avatares personalizados que propiciam ao usuário experimentar virtualmente roupas e acessórios, ajustando o caimento e visualizando o look em 360 graus antes de efetuar a compra. Outro exemplo é o uso de assistentes virtuais que, integrados à RA, podem sugerir produtos complementares, como um decorador virtual que ajuda a combinar móveis e objetos decorativos ou até mesmo indicar promoções e descontos em tempo real, personalizando ainda mais a jornada de compra.

Esse progresso tecnológico traz consigo a possibilidade de um marketing mais dinâmico e interativo. Marcas podem criar experiências imersivas nas quais o consumidor participa ativamente explorando produtos e serviços em um ambiente virtual personalizado. Esses diferenciais fortalecem o engajamento do cliente e criam uma conexão emocional com a marca, aumentando a lealdade e, consequentemente, as chances de repetição da compra.

É vital, portanto, que o e-commerce tire o máximo proveito da realidade aumentada, auxiliada pela IA dos celulares, para reduzir custos e aumentar a satisfação dos clientes. Desse modo, garante uma experiência praticamente tátil e física em um ambiente virtual sem demandar um equipamento de alto custo do comprador. Afinal, ele já possui esse dispositivo e o utiliza para comprar o produto que você vende por meio de um aplicativo ou site.

Com o avanço contínuo dessas tecnologias, podemos esperar uma integração ainda maior da RA e da IA no varejo como um todo, oferecendo experiências de compra cada vez mais personalizadas e interativas. Isso representa uma transformação significativa no modo como os consumidores se relacionam com produtos e marcas, definindo o futuro das compras online e assegurando que os negócios possam não apenas sobreviver, mas prosperar em um mundo cada vez mais digital.

Alisson Aguiar é diretor de varejo global da Compass UOL.

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