Informação Inteligente gera TI competente



Autor: Rafael Scucuglia


As informações caracterizam um tipo de ativo intangível de importância estratégica para a grande maioria das organizações. Como tema recorrentemente abordado por especialistas em gestão do conhecimento, Tecnologia da Informação, segurança de informações e governança corporativa, é consenso que uma “gestão de informações” eficaz e eficiente resulta em valor direto à gestão de uma organização.


Exemplos típicos: quanto vale a proteção de uma estratégia de marketing antes da divulgação? Quanto vale o banco de dados das instituições de cartão de crédito? Qual o valor agregado ao cadastro de clientes potenciais de uma organização (considerando a hipótese do concorrente ter acesso a ele)? Como mensurar a importância de uma formulação de produto sigilosa (exemplo clássico da Coca-Cola)? E o conhecimento logístico de uma distribuidora?


Chegamos à era da economia da informação, vinculada à aplicação de conhecimentos sem precedentes ao processo de geração de riqueza. Saber tomar as melhores decisões com base na análise de informações passa a ser um dos fatores competitivos mais importantes nos mais variados segmentos de negócio.


Quando dizem que “informações” são abundantes, na realidade devemos interpretar que os “dados” são abundantes. No mundo corporativo, diante da necessidade de automatizações dos processos operacionais e burocráticos, as empresas começaram a armazenar os parâmetros utilizados pelos softwares nas operações. Todas as vezes que um pedido de venda entra em um sistema, por exemplo, ele carrega consigo diversos dados: valor, data e hora, nome do vendedor, do auxiliar, do cliente, com telefone, endereço, etc. Cada um desses “bullets” de cadastro são uma coluna e linha de alguma tabela constante em um banco de dados.


Dados são as menores unidades possíveis de armazenamento em um sistema informatizado, quando agrupamos, ordenamos e cruzamos diversos dados obtemos informações. No nosso exemplo anterior, quando somamos todos os preços praticados de todos os pedidos emitidos em um determinado mês, obtemos uma informação: “receita mensal”. Como temos dados referentes ao endereço de cada cliente, podemos obter a “receita mensal por região”. Esse agrupamento traduz-se por meio de uma operação matemática (soma, contagem, média, etc.) mediante segmentações dos dados disponíveis.


Por último, temos os indicadores, que são o resultado de uma operação calculo métrica, que utiliza informações disponíveis. Quando dividimos, por exemplo, a informação “receita mensal” pela informação “quantidade de funcionários” temos o indicador “receita per capita”.


Considerando estes três níveis (dados – informações – indicadores), podemos fazer um paralelo com a sua utilização para eficácia do processo decisório. Pois dados são abundantes, mas informações e indicadores nem sempre são utilizados com foco na decisão bem sucedida.


Para atingir este objetivo, a organização necessita implementar algo que chamo de I.I. – Inteligência da Informação. Com a existência de dados em grande número, as informações possíveis de serem extraídas são praticamente infinitas. Podemos agrupar, organizar, calcular, reorganizar, classificar e integrar os dados como quisermos, o que resulta em uma quantidade enorme de informações potencialmente existentes.


Diante deste universo de informações de extração viável, a grande questão é a seguinte: quais informações podem gerar conclusões objetivas que permitam ao gestor ações focadas em resultados? Como utilizar um extrator (ou um software de BI) de maneira a obter e analisar somente as informações essenciais ao negócio? A melhor maneira de uma organização atingir este objetivo é com o uso disseminado e contínuo da estatística em seu processo decisório, essa ferramenta permite obter padrões de comportamento e diagnosticar causas e efeitos entre informações, relevância de variáveis sobre determinado resultado e causas de problemas. Além de possibilitar o teste de hipóteses, fazer previsões, etc.


Informação sem estatística não contém embasamento para prover segurança ao gestor. Já a informação com estatística é constatação, promove a decisão científica, direta e objetiva. O responsável passa a ser o transformador do conhecimento extraído em ações.


Programas como o consagrado “Six Sigma”, evolução até hoje utilizada pela ferramenta desenvolvida por Deming, o CEP, aplicam conceitos estatísticos de forma indiscriminada e disseminada nos processos produtivos. Precisamos aplicar tais teorias para todo e qualquer processo. Informações financeiras, contábeis, comerciais, de marketing, entre outras, todas devem ser fruto de trabalho estatístico antes da interpretação.


A gestão por resultados, baseada em indicadores financeiros, operacionais, de mercado e de pessoas, é o primeiro passo de toda organização em prol da Inteligência da Informação. Indicadores bem desenvolvidos, coerentes com a estratégia organizacional, caracterizam uma oportunidade de aplicação de maior cientificidade às decisões diárias.


Resumindo o contexto geral: na era da informação as organizações precisam focar na “inteligência das informações”. Assim como somente dados bem armazenados não bastam, informações sem foco e sem estudo também não. É preciso estudá-las e analisá-las de forma adequada, estruturada e contínua. Os administradores precisam não só destinar recursos à gestão de TI. É necessário considerar uma lacuna cada vez mais latente alocar e recursos no desenvolvimento de I.I..


Rafael Scucuglia é diretor de operações da Gauss Consulting. ([email protected])

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