Karine Karam

Isolamento transfere compras da rua para casa

Para entender os sentimentos e as expectativas das pessoas em relação ao isolamento social e à pandemia de Covid-19, a ESPM Rio realizou uma pesquisa quantitativa on-line, entre os dias 28 de abril e 1º de maio, com 300 participantes, no Rio de Janeiro (a maior parte da amostra, 82%), em São Paulo e em Brasília. “O estudo mostrou que o isolamento social transferiu o consumo da rua para casa e a desaceleração do consumo gerou um nível de consciência maior”, diz Karine Karam, pesquisadora do think tank cRio ESPM, plataforma responsável pelo estudo. “O comportamento do consumidor está mais racional, alterando suas percepções sobre marcas, pessoas, sentimentos.”

A racionalidade citada por Karine é evidenciada quando o consumidor reverencia empresas que desempenham um papel cada vez mais presente nas questões que envolvem a sociedade. O estudo mostrou que marcas com essa atitude são lembradas de forma positiva. A primeira a ser destacada nesse perfil pelos entrevistados foi Magalu. A empresa anunciou medidas para reduzir os impactos causados pela Covid-19, preservando funcionários, clientes e a sustentabilidade dos negócios. Na contramão, a marca mais lembrada negativamente, foi a rede Madero, de hambúrgueres. No início da pandemia, seu fundador, Júnior Dursk, afirmou em um vídeo que a economia não poderia parar, ainda que mortes ocorressem.

O relaxamento do isolamento social, que tem sido registrado em algumas capitais nos últimos dias, não reflete a atitude da maioria dos que participaram do estudo: 55,6% dos entrevistados disseram só sair de casa quando é necessário ir ao supermercado. E 22,5% afirmaram não sair para nada. O confinamento, porém, já é refletido no aspecto emocional dos entrevistados. As sensações mais citadas pelas pessoas ouvidas na pesquisa do cRio foram ansiedade, angústia e preocupação.

Efeitos no consumo
Material para escritório e artigos de limpeza são os produtos mais consumidos no período de isolamento, segundo os entrevistados. O resultado é consequência direta da adoção do home office por muitos profissionais brasileiros. Compras on-line foram realizadas pelo menos uma vez por 45% dos entrevistados durante o isolamento. E, desse total, 70% compraram produtos para melhorar o conforto da casa – com destaque para máquinas de lavar louça e itens relacionados ao trabalho ou estudo, como fones de ouvidos, teclados e impressoras. Sete em cada dez entrevistados estão preocupados com a qualidade dos produtos de limpeza. Além disso, arrumar a casa está entre as atividades mais frequentes nesse período, juntamente com ver séries e filmes, trabalhar e estudar.

Difícil prever como será a sociedade pós-Covid. Mas, por ora, as pessoas afirmam que muitos hábitos de consumo vão mudar – 43% apontaram que passarão a comprar menos e 42% acreditam que vão economizar mais daqui para a frente. Outros comportamentos assinalados foram: ficar mais tempo com a família, cuidar da saúde e ter uma vida mais simples.

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