A pesada carga de impostos que incide sobre os componentes multiplica por dois o preço dos produtos acabados de informática no mercado brasileiro. Mas não apenas isso. A concorrência do chamado mercado cinza, embora declinante, ainda é feroz. A MSI, terceira maior fabricante mundial de placas-mãe, com 15,2 milhões de unidades produzidas em 2004, sabe disso tudo. Mas decidiu pagar para ver.
A empresa de Taiwan está escolhendo a empresa que vai terceirizar, inicialmente, a montagem, no País, de placas-mãe para computadores para os novos processadores Sempron da AMD, anunciou nesta terça-feira (22/03), em coletiva de imprensa, o gerente geral da empresa, Frank Lin, em visita de reconhecimento ao Brasil, com direito a excursão pela Rua Santa Efigênia, em São Paulo, meca dos produtos sem grife.
Pagando pra ver – “Nós sabemos o que nos aguarda, mas acreditamos que o tamanho do mercado brasileiro justifica o investimento”, afirma Lin, tomando como referência resultados de uma pesquisa da IDC (International Data Corporation), segundo a qual o País consome, por ano, somente de placas-mãe, 4,5 milhões de unidades, o equivalente ao número de PCs aqui vendidos. A meta da empresa é responder por 10% desse mercado já no final de 2005, antes de atingir os 20% – marca que Lin considera ideal.
O investimento nessa linha de produtos, da ordem de US$ 12 milhões, em marketing e matéria-prima, segundo Lin, representa, porém, apenas parte de uma estratégia de conquista do mercado nacional, que, continua, nos próximos meses, com a ativação da linha de montagem de placas para processadores Athlon 64 e Pentium 4. A primeira unidade – de placas-mãe – vai produzir, por mês, 20 mil exemplares.
Na terceira etapa do projeto Brasil, ainda neste ano, a MSI também vai montar aqui placas de vídeo, segmento no qual a empresa, criada há 17 anos por cinco engenheiros demitidos pela Sony, com produção anual de 8,5 milhões de exemplares, é líder mundial absoluta, seguida de longe pela Asus e a LeadTek.
Finalmente, talvez no próximo ano, dependendo da resposta do consumidor, o ciclo se completará, com a ativação da linha de montagem de servidores, notebooks e barebones – computadores sem disco, que podem ser configurados conforme a necessidade do usuário. Nesse caso, o supra-sumo em matéria de tecnologia é o Megaview 566, dispositivo que combina hi-fi estéreo, DVD/VCD, MP3 e TV.
Negócio da China – Com 14 mil empregados, dos quais mil engenheiros exclusivamente dedicados à concepção de uma ampla linha de produtos, a MSI, fundada em 1986, está presente, com filiais, nos Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda, Hong-Kong, Japão e Austrália. Mas há três anos, transferiu para a China as quatro fábricas que mantém, explorando o fato de aquele país, em franco desenvolvimento, além de ser o maior mercado de consumo do mundo, praticar uma mesma taxa de imposto para todos os produtos de informática ali fabricados: 17%. Sem falar nos 5% incidentes sobre qualquer componente importado.
A estratégia permitiu à empresa, segundo Lin, alcançar o faturamento de US$ 2 bilhões em 2004 e, melhor, acumular um capital social avaliado em US$ 240 milhões. Hoje, a MSI produz duas linhas de produtos: componentes, incluindo placas-mãe e de vídeo, que hoje respondem por 75% da receita; computadores (servidores, desktops e notebooks); megaPCs e dispositivos MP3, com peso de 15%.