Estudo aponta que objetivos de vida e hábitos de compra mostram realidades bem distintas
É bastante óbvio que consumidores com faixas de rendimento diferentes tenham hábitos de compra distintos. Contudo, a nova edição da pesquisa Consumer Pulse, realizada pela Bain & Company, mostra duas realidades bem opostas. O levantamento, que conta com respostas de cerca de 6.400 pessoas na América Latina (incluindo por volta de 2.000 brasileiros), indica que os consumidores buscam equilibrar prioridades, gerenciar o orçamento e redefinir preferências diante das pressões financeiras.
Em termos de perspectivas, embora a ansiedade seja um denominador comum para todas as faixas, os consumidores de baixa renda apresentam humor mais negativo e menor otimismo em relação ao futuro se comparados aos de alta renda. Entre estes há um viés mais positivo, seja na percepção do cenário econômico atual ou em suas expectativas para o futuro.
Quando questionados sobre seus objetivos para 2024, os consumidores de baixa renda expressam aspirações que giram em torno da estabilidade no emprego e do desejo de poder gastar mais, enquanto a saúde é um ponto em comum em todas as faixas. Com maior flexibilidade e tempo livre, consumidores de alta renda apresentam comportamentos de consumo com diferenças significativas em relação aos de baixa renda. Aqueles com mais rendimentos planejam férias sucessivas, optam por lanches com maior frequência e consomem álcool duas vezes mais, frequentemente fora de casa.
Quando comparados aos consumidores de outros países e regiões, os brasileiros se mostram mais pessimistas do que europeus e norte-americanos, porém ligeiramente mais otimistas que a média latino-americana. Ao considerar diferenças geracionais, os Millennials têm a percepção mais otimista dos próximos cinco anos (29% no índice avaliado), enquanto Gen-Z e Boomers são os mais pessimistas (10 e 11%, respectivamente).
Outro tema que preocupa os entrevistados é a sustentabilidade. Os consumidores demonstram desejo crescente em atuar de forma financeira e ambientalmente sustentáveis, adotando práticas ecologicamente corretas. No Brasil, 81% dos respondentes afirmam que estão preocupados com mudanças climáticas. No entanto, apenas 11% dos consumidores brasileiros afirmam, de fato, comprar de forma sustentável. Um fator importante é o preço dos produtos sustentáveis: na média, o brasileiro afirma estar disposto a pagar 19% a mais por um produto sustentável enquanto as opções de mercado ficam bastante acima desse valor.
De forma geral, a pesquisa mostra a população ainda cautelosa, buscando se adaptar à instabilidade da economia global e maximizar seu bem-estar, principalmente no Brasil. Entretanto, como é próprio da cultura brasileira, apesar do cenário atual, os consumidores mantêm a esperança em relação ao que está por vir nos próximos anos, acreditando que o país estará em melhores condições no médio prazo.