Ideia é oferecer melhor performance aos sellers como diferencial competitivo frente ao crescimento da concorrência
O Mercado Livre anunciou a atualização da política de ranqueamento para os lojistas de marketplace. As mudanças entram em vigor no dia 21 de março e, a partir dessa data, as regras serão mais rígidas para os sellers. Não apenas quanto ao cancelamento de pedidos e às reclamações, mas envolvendo também outras medidas que visem melhorar a experiência do consumidor.
A partir da data estabelecida, o seller só poderá cancelar 1% das suas vendas para manter a sua medalha e não poderá ter mais que 0,5% de mediação por parte do Mercado Livre. Isto significa que um seller que faz 500 vendas dentro do mês vai poder cancelar no máximo cinco vendas, ou seja, a margem de erro será bem pequena. O número, antes, era de 2,5%.
Porém, a mudança mais relevante para os vendedores será no número de vendas. Para se tornar MercadoLíder Platinum e ser, naturalmente, bem ranqueado, será preciso que as vendas aumentem 280% em relação aos números atuais. Em outras palavras, uma loja que vende 450 itens em 60 dias precisará comercializar 1.725 no mesmo período. Mas, afinal, por que a gigante argentina do comércio eletrônico está fazendo isso?
Para Claudio Dias, CEO da Magis5, que possui como principal produto seu hub de automação e gestão completa para e-commerces nos marketplaces e integração com o Mercado Livre, uma das hipóteses possíveis é a perda de espaço para a asiática Shopee. Um levantamento feito pela Magis5, com base em uma análise de mais de 4 bilhões transacionados na sua plataforma, mostrou que a Shopee fez 18,7% das vendas, enquanto o Mercado Livre fez 60,6%. “Entretanto, quando se verifica o número de encomendas, percebe-se que a diferença diminui, com o Mercado Livre com 13,9% a mais que a gigante de Singapura”.
“Guerra de mercado”
Ou seja, de acordo com Dias, “em números de pedidos, a Shopee aproxima-se cada vez mais do Mercado Livre, porém, um dos diferenciais que mantêm o marketplace argentino muito à frente dos concorrentes é a oferta do serviço de fulfilment, conhecido como Envios Full. Na modalidade, o vendedor manda seu estoque para os centros de distribuição do próprio Mercado Livre, que fica responsável pelo armazenamento, pela embalagem e pelo transporte”.
Para o executivo, “essa competição, que podemos até mesmo chamar de guerra de mercado, não vai parar por aqui, já que o Mercado Livre, por muitos anos, vem dominando as vendas como marketplace, mas, pelos dados, podemos apontar que este mar azul antes navegado está chegando ao fim”.
No geral, dados levantados internamente pela Magis5 apontam que a Americanas fica em terceiro lugar na liderança de vendas em sua plataforma, seguida pela Magalu e pela Amazon. “No entanto, com a crise da Americanas neste início de ano, a perspectiva é de que as suas vendas caiam ainda mais, o que faz com que consumidores migrem para outros players, como a Magalu, que pode ser uma das mais beneficiadas por conta da similaridade de ambas. Além desses players, outros que estão ganhando força sem fazer muito barulho no país são a AliExpress e a Shein”.
Investimento em tecnologia
Para os vendedores da plataforma, todo esse burburinho deixa claro que existe uma pressão maior em cima dos sellers para que os seus serviços nos marketplaces sejam feitos com a máxima eficiência. Isso beneficia empreendedores que já mantêm um alto nível de qualidade, mas pode deixar inseguros aqueles que ainda estão no início de sua jornada empreendedora.
Em mudanças como essa, Claudio aconselha aos vendedores que utilizem quanto antes recursos tecnológicos a seu favor para acelerar os processos operacionais, melhorar a gestão e, consequentemente, crescer e se tornar competitivos diante do mercado. “O uso de softwares específicos para marketplaces, como hubs, faz com que erros como de expedição, ponto em que o Mercado Livre tem maior cobrança com seus sellers, sejam minimizados ou mesmo zerados”.