Desde janeiro o governo brasileiro tem se reunido com representantes dos três padrões de TV Digital – americano, europeu e japonês – e apesar do comunicado oficial sair apenas hoje (29/06), o ministro das comunicações, Helio Costa, já confirmou que o governo fez um acordo com o Japão para a utilização do padrão japonês. Entretanto, a maior dúvida da população é saber o que muda para o consumidor.
Embora neste primeiro momento, a TV Digital mude pouca coisa nos lares brasileiros, Rodrigo Araújo – diretor da EITV (Entretenimento e Interatividade para a TV Digital) – explica que o sistema promete a alta definição de imagens, assim como a qualidade do som se assemelhar ao das salas de cinema e ainda, maior interatividade, recepção de tv portátil (carro) e móvel (telefone celular), aumento do número de canais de televisão e a possibilidade do telespectador assistir até quatro programas simultâneos, já que o sistema também permitirá a divisão desses canais. Além disso, Rodrigo afirma que o consumidor poderá acessar e-mail, comprar produtos e consultar sites, isso porque, “a TV Digital funcionará de forma semelhante a um computador com acesso a Internet” conta.
De acordo com Amaury Aranha, economista e mestre em educação, outro importante benefício diretamente ligado à TV Digital é a propagação da educação a distância que vem beneficiar grande parte da população e auxiliar no processo de inclusão digital. “Se o sistema de TV Digital vier, realmente, com este leque de possibilidades baseadas na interatividade, facilitará o acesso à informação a milhares de famílias. A comunicação possibilita o maior nível de educação, por isso a importância da interatividade” diz otimista.
Mudança – No entanto, Rodrigo Araújo alerta que a população não precisará correr para trocar de aparelho, pois a TV analógica continuará em operação durante os próximos 10 anos. Mas, Rodrigo já adianta que para ter acesso as transmissões digitais, o consumidor precisará adquirir um aparelho conversor denominado set top box, que converte o sinal digital para exibição em uma TV analógica. “Com este conversor as pessoas já terão acesso a parte dos benefícios da TV Digital como, por exemplo, o maior número de canais e parte do sistema de interatividade. Contudo, para ter acesso a todos os benefícios da TV Digital as pessoas precisão adquirir televisores preparados para receber e exibir o sinal em alta definição (HDTV)” explica.
O conversor ainda é a forma mais simples e barata de se adequar aos padrões digitais já que o preço do aparelho custará entre R$ 100 e R$ 1000 dependendo do nível de interatividade desejada. Já em relação as TVs, ainda são poucos os modelos já disponíveis e prontos para receber o sinal digital. “O preço é um pouco alto para grande parte da população – a partir de R$ 8 mil, mas estes custos poderão ser reduzidos caso haja algum subsídio para a indústria por parte do governo” explica Rodrigo.
Vale lembrar novamente que a transição entre os dois sistemas pode demorar um pouco, já que a “revolução” ocorrerá de forma gradativa com a adequação das emissoras de TV na produção de conteúdo de alta definição e com o desenvolvimento dos aplicativos que serão utilizados para por em prática a interatividade. De acordo com o governo, primeiro as emissoras instalarão novos transmissores em São Paulo, Rio de Janeiro e nas principais capitais, respectivamente. Apesar das primeiras mudanças ocorrerem dentro de seis meses, Rodrigo Araújo diz que o telespectador só terá acesso a televisores e conversores para o sinal digital daqui um ano, prazo estipulado pela indústria nacional para começar a produzir estes aparelhos.