Há dois anos passando por uma crise político-econômica, o Brasil de muitas maneiras vem procurando, principalmente em 2016, conseguir sair dessa situação e melhorar suas condições. O País está em busca de sair desse estado letárgico e começar a se movimentar. Com isso, o que podemos esperar para o ano que vem, que já está logo aí, e para o futuro? No painel de abertura “Perspectivas políticas e econômicas”, durante o XV Encontro com Presidentes, realizado hoje (06), em São Paulo, o diretor de projetos especiais da Philip Morris, Maurício Mendonça, realizou uma apresentação sobre as perspectivas para 2017. Uma coisa clara desse cenário é que independente da condição financeira atual, o País sofrerá impactos de diversos âmbitos e transformações, internos e externos. E o objetivo de Mendonça foi mostrar quais serão esses pontos de impacto do futuro.
Por exemplo, a sustentabilidade: o aquecimento global trará grandes alertas não apenas nas discussões políticas internacionais, mas nos próprios empreendimentos econômicos. “Afetará a forma como as pessoas, empresas e governos vão agir, pensando a respeito da vida do planeta, o que terá um impacto significativo no crescimento”, explica ele. Outra tendência global que também acarretará em mudanças locais é o crescimento populacional. Cada vez mais as cidades veem sua população crescendo, mas não só de nascimentos, como também a parcela idosa que está vivendo mais e melhor, modificando a pirâmide etária. O que pode parecer apenas fruto de uma sociedade mais sadia e que se cuida mais, porém trará abalos “nos gastos público, no dinamismo social, gerando questionamentos e problemas que não se tinha há 20 anos”.
Aliás, as preocupações de duas décadas realmente não serão as mesmas do amanhã. O mundo digital é uma prova de que novos desafios baterão nas portas das empresas e no dia a dia das pessoas. “Indústria 4.0, Internet das Coisas, nanotecnologia, são enormes transformações que chegam ao mercado de forma acelerada e vão mudar a vida de todos. Profissões vão desaparecer, sistemas de saúde serão diferentes, como as formas de relacionar e as construções também não serão iguais”. Poderemos esperar, então, uma quantidade inimaginável de alterações no cotidiano. Seja pelas tecnologias, seja pela nova posição da política mundial. Por conta da crise na democracia que diversos países vêm passando. “Nunca os valores da democracia foram tão questionados, gerando um ambiente de incerteza significativo”, diz o executivo. “O momento é de grandes incógnitas, mas há a certeza de que o nacionalismo está em voga e candidatos que seguirem essa política ganharão nos próximos anos.”
E o Brasil?
Quanto à situação social e financeira do País, se antes a expectativa, quando a crise surgiu, era que ela acabasse em 2017, agora a ideia é que isso pode não acontecer. Já Mendonça ainda vai mais longe: para ele, a situação não melhora nem em 2018. “Não vai ser fácil sair desse estado que estamos. Ano que vem será, no mínimo estável, mas melhorar não”, acredita. Isso porque mesmo com a espera de crescimento do PIB e da redução da taxa de inflação apontadas pelo Banco Central, o investimento continuará baixo. Hoje, o país tem uma taxa de investimento igual à época do presidente João Goulart, o que é muito abaixo do ideal. Ou seja, essa realidade mostra que a confiança do empresário é pequena, impedindo de ele aplicar seu dinheiro em novos projetos. “E essa realidade é a que mais traz a ideia de que ainda vamos demorar a sair da crise.”
Sobre os possíveis cenários em que o Brasil se encontrará no ano que vem e futuro, o diretor levantou três hipóteses. No primeiro cenário, o país apresentará uma recuperação econômica, mas mais agressiva. Há o começo na reversão do desemprego e na falta de investimento, as coisas começam a funcionar e o mercado externo afeta pouco. A outra suposição é que a crise continue, as medidas de austeridade serão postergadas, as manifestações políticas ficarão intensas e com cenário externo instável, trazendo uma incerteza maior na política. E, no último cenário, a taxa de desemprego também continua alta, há uma crise no setor público, as medidas de austeridade são postergadas e adulteradas, com manifestações políticas que geram instabilidade e insegurança. Nesta condição, ainda, o mercado de 2018 estará esfacelado e a economia externa será instável.
No final das contas, o que fará com que um cenário aconteça e não o outro será o envolvimento de toda a sociedade, ou a falta dele. Principalmente entre as empresas, Mendonça comenta que é preciso que cada uma entenda seu papel na sociedade, pois essa consciência será importante para mudar as coisas. “Cabe a esse universo de líderes para fazer a transformação, porque, se a gente não conseguir sair desse cenário e começar a acelerar algumas coisas, vai ser ainda mais difícil a situação”, pontua.