Ricardo Balkins, sócio-líder de consumer da Deloitte

Otimismo dos brasileiros só para daqui a três anos

Com objetivo de antecipar as tendências para os setores de consumo e varejo em um cenário de transição para o pós-pandemia, a Deloitte, organização global de serviços profissionais, vem realizando mensalmente a pesquisa “Global State of the Consumer Tracker”. Os resultados do levantamento, realizado no final de outubro de 2021, indicaram que, no Brasil, os consumidores estão especialmente preocupados com o aumento dos preços. De acordo com o estudo, 80% dos entrevistados estão incomodados com a inflação, enquanto na média mundial este percentual é de 68%. A maioria dos brasileiros identificou aumento nos preços de alimentação (80%), nos valores de restaurantes (72%) e de vestuário e calçados (64%). Por outro lado, a maioria (75%) está otimista de que sua situação financeira irá melhorar nos próximos três anos, percentual superior aos 49% da amostra global.

“A nossa pesquisa acompanha essa jornada de transformação no hábito dos consumidores no Brasil e no mundo. O levantamento é muito rico para compreendermos mais a fundo as mudanças na mentalidade do consumidor atual. A partir desses dados, conseguimos explorar as implicações potenciais para um mundo pós-pandêmico. O estudo aborda, a cada mês, tendências em segurança, bem-estar financeiro, apetite para o consumo e atitude em relação às mudanças climáticas, entre outros temas”, destaca Ricardo Balkins, sócio-líder de consumer da Deloitte.

Retorno ao presencial
A pesquisa aponta que o percentual de pessoas preocupadas no Brasil com a conta do cartão de crédito (76%) e com o nível de poupança (74%) é maior do que a média global – 43% e 51%, respectivamente. Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, 65% dos brasileiros se sentem, agora, mais seguros para retornar ao local de trabalho, enquanto 63% se sentem seguros para contratar serviços prestados individualmente. Entre os entrevistados que trabalham remotamente, 33% gostariam de manter esse modelo por cinco dias na semana se a empresa permitisse. Cerca de um terço (34%) ainda não considera seguro o retorno às aulas presenciais.

Além da preocupação com a escalada dos preços, os consumidores brasileiros mudaram suas prioridades na pandemia. Em relação aos 12 meses anteriores, a ampla maioria (83%) está mais desconfiada em relação às pessoas que não conhecem, enquanto 75% estão priorizando mais o seu bem-estar geral. 74% dos entrevistados estão mais centrados em casa e 54% estão substituindo interações físicas por experiências digitais, apesar da reabertura gradual de serviços com o avanço da vacinação e da queda nos números de mortes e casos de Covid-19 no País. O estudo revela, ainda, que 64% estão economizando mais dinheiro, 67% estão mais focados em sua mudança pessoal e 54% estão mais em busca de um propósito.

Intenção de comprar um carro
Quase metade dos brasileiros (49%) pretende adquirir um carro nos próximos seis meses, enquanto, no mundo, essa média é de 26%. Entre aqueles que pretendem comprar um automóvel no Brasil, 73% estão em busca de um carro zero; 44% dos entrevistados preveem utilizar menos o transporte público ou compartilhado. Sobre os hábitos de compras do consumidor brasileiro, a pesquisa revela que 78% esperam adquirir a maior parte de seus mantimentos em lojas físicas. Medicamentos (61%), utensílios para casa (59%) e produtos de cuidados pessoais (57%) vêm na sequência. Por sua vez, 55% esperam comprar a maior parte de seus eletrônicos pela internet.

Metodologia e amostra
A pesquisa “Global State of the Consumer Tracker” foi elaborada pela Deloitte entre os dias 21 e 27 de outubro. Foram entrevistados 1000 consumidores, entre os quais 77% empregados em tempo parcial ou integral e 7% desempregados. Mais da metade (58%) da amostra tem uma renda familiar anual de até R$ 22.896,00.

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