O consumidor paulista apresenta em março um menor ímpeto para ir às compras do que em fevereiro. O Índice de Intenção do Consumidor (IIC), calculado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), ficou 4,55% abaixo do registrado no mês passado, caindo de 102,51 para 97,85 pontos neste mês. Houve queda também, de 0,41%, em relação ao resultado de março de 2002, que foi de 98,25 pontos.
Um dos principais motivos para a redução do otimismo apontado pelos entrevistados é o cenário internacional. Por causa da guerra, há expectativas negativas no aspecto externo para 14,6% dos consumidores. Em fevereiro este fator havia sido citado por 10,13% dos participantes do levantamento. O aumento da preocupação com a crise no Iraque deve-se tanto à proximidade de um provável conflito, quanto à maior quantidade de informação sobre a guerra.
Outro fator apontado com destaque pelos entrevistados foi a possibilidade de aumento do desemprego. Este item foi citado por 26% das pessoas como o mais importante diante da decisão de compra, ante 21,07% em fevereiro e 23% em março do ano passado. No entender da assessoria econômica da Fecomercio SP, o aumento da importância do emprego para o consumidor vem de uma possível frustração quanto a expectativa anterior de essa taxa começar a apresentar queda, o que não vem ocorrendo. Em janeiro, por exemplo, o índice de desemprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ficou em 11,2%, praticamente empatado com o registrado no mesmo mês do ano passado.
A assessoria econômica da Fecomercio SP ressalta também que essa retração no otimismo do consumidor já se reflete no faturamento do comércio e tende a reforçar ainda mais a timidez das vendas, especialmente no caso dos itens duráveis (eletrodomésticos, aparelhos de imagem e som, móveis e decoração). Em março 48% dos entrevistados disseram não ter interesse em adquirir esse tipo de produto – exatamente o mesmo porcentual registrado em fevereiro. A tendência pode ser de deterioração desse cenário, com queda ainda mais acentuada do IIC nos próximos meses.
No resultado do IIC deste mês a boa notícia vem justamente do otimismo em relação ao novo governo. Não houve queda significativa no que se refere à visão do cenário político. Para 19,54% ele continua sendo favorável, ante 20,95% em fevereiro e 8,33% em março de 2002. Outro fator positivo revelado pelo IIC de março é a queda na quantidade de entrevistados que espera a alta da inflação. Eles eram 14,9% em fevereiro e passaram para 10,57% em março. Isso mostra que, em geral os fatores políticos e econômicos internos afligem menos a população. Tanto que 3,56% das pessoas disseram acreditar na queda da inflação, ante 0,58% em fevereiro. Justamente por isso, em relação às intenções futuras há crescimento de 8,09% na comparação com o mesmo mês do ano passado.