A convite do consulado francês, executivo da empresa fala sobre papel do Brasil na era da inteligência artificial
O brasileiro Leonardo Santos, executivo da área de Venture Capital da Reag Investimentos, participa da Cúpula Global de Ação sobre IA, evento estratégico organizado pelo governo francês, no Palácio de Versalhes, em Paris. Convidado pelo Consulado da França em Brasília, Santos está ao lado de um seleto grupo de líderes globais, incluindo nomes como Sam Altman (OpenAI) e Satya Nadella (Microsoft), além de laureados com o Prêmio Nobel.
A Cúpula Global de Ação sobre IA é uma iniciativa global que discute os desafios e oportunidades estratégicas da inteligência artificial em âmbito internacional. Com edições anteriores na Ásia, a versão francesa foca em temas como regulamentação, impactos socioeconômicos, futuro do trabalho e o papel geopolítico da tecnologia. O evento inclui sessões abertas no fim de semana e debates fechados para convidados nos dias seguintes, com ênfase em políticas públicas e inovação.
A participação de Santos na Cúpula reflete seu trabalho como conselheiro da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria), entidade que tem atuado ativamente na formulação do marco regulatório brasileiro de IA (PL 2358), e executivo da Reag Investimentos, que desenvolveu o primeiro fundo de investimento do país voltado para aplicações práticas da inteligência artificial. Em Paris, ele terá reuniões estratégicas com formuladores de políticas e investidores, fortalecendo a conexão do ecossistema brasileiro com os principais centros globais de inovação.
Como representante do Brasil na agenda restrita, Santos abordará o potencial do país e da América Latina na era da IA. Ele destaca que a matriz elétrica brasileira, com 89% de fontes renováveis, representa uma vantagem competitiva para a infraestrutura de data centers e processamento de IA. “Temos um verdadeiro ‘novo pré-sal’ em termos de capacidade computacional e geração de valor econômico. O Brasil pode se tornar um polo estratégico para essa revolução tecnológica.”
Outro ponto fundamental para Santos é a necessidade de uma regulação adaptada à realidade latino-americana. “Não podemos simplesmente copiar modelos europeus. Nossa juventude populacional e a urgência de crescimento econômico exigem uma abordagem regulatória contextualizada e ágil. A América Latina tem desafios e oportunidades únicas que precisam ser considerados.”
Ele também pretende destacar a relevância do Brasil em setores como finanças e saúde. Na sua avaliação, essa expertise pode tornar o país referência em aplicações práticas de IA na área de negócios e no setor público. “O Pix é um grande exemplo de como podemos inovar e liderar globalmente. No setor de saúde, soluções de IA devem levar em conta as especificidades regionais para serem eficazes. O Brasil já está demonstrando sua capacidade de desenvolver tecnologia de ponta com impacto real.”
Além disso, Santos acredita que a diversidade cultural brasileira é um diferencial na inovação em IA. “Nossa capacidade de integrar diferentes visões, culturas e formas de pensar nos torna altamente competitivos nesse setor. O multiculturalismo do Brasil pode ser um motor para soluções mais inclusivas e inovadoras. O Brasil não pode ser apenas um espectador nesta revolução. Temos todas as condições para ser um hub de IA, exportando não apenas commodities, mas também capacidade computacional e expertise em setores estratégicos. Esta é uma janela de oportunidade para transformarmos desafios históricos em vantagens competitivas”, concluiu Santos.