Autora: Thais Antoniolli
Muitas pessoas acreditam que o caminho para se tornar um influenciador digital passa apenas por definir um tema interessante, gravar vídeos e publicá-los na web para conquistar seguidores. Sem dúvida, sim, essas ações fazem parte do planejamento, mas há muito mais por trás do sucesso nas redes sociais. Influenciadores trabalham sua marca pessoal, sua reputação e há muita estratégia sustentando tudo isso.
Façamos a analogia da “construção” de um influenciador digital com o desenvolvimento de um novo produto, um sabonete, por exemplo.
Tudo se inicia com a avaliação do tipo, tamanho do mercado e das necessidades mal ou não atendidas do público-alvo a ser atingido. Assim, no caso do sabonete, entender e definir se o produto será para distribuição e consumo no Brasil ou outros mercados, se sua aplicação será para o rosto ou corpo, se é para peles sensíveis, oleosas… é um passo básico para o desenho desse novo produto. Daí por diante, várias outras estratégias serão necessárias como a definição de canais de vendas, comunicação, produção, etc…
Fazendo uma analogia com o “novo sabonete”, uma estratégia bem-sucedida que projetou um fenômeno nas mídias sociais é o exemplo do jovem de 21 anos, Khabane Lame, senegalês, que vive há muitos anos na Itália, conquistando do dia para a noite mais de 115 milhões de seguidores no Tik Tok com seu carisma e irreverência.
Lame começou tudo com uma brincadeira, durante a pandemia, fazendo vídeos caseiros e postando-os. A princípio fazia vídeos com áudio, mas após uma reflexão de como poderia ter um alcance maior e fazer diferente, teve um momento eureca. Para eliminar a barreira do idioma decidiu produzir vídeos apenas com imagens, sem fala e adicionou o elemento simplicidade. Ou seja, definiu seu público, mercado sem barreira e tema. Passou então a usar apenas expressões, olhares e gestos para mostrar como resolver situações simples de outros vídeos em que as pessoas complicavam, por meio da sátira, tonando-se o maior Tiktoker global.
Esse exemplo brilhante de sucesso do “Chaplin senegalês digital” nos traz muitos aprendizados com relação às estratégias do mundo corporativo:
- Errar faz parte do processo de inovação, mas aprenda rápido com o erro e ajuste a estratégia.
- Simplicidade pode ser muito eficaz na conquista da atenção das massas.
- Sucesso não é uma questão de sorte, mas sim de trabalho duro e estratégias bem pensadas e implementadas.
- Ser digital não é uma opção, mas uma realidade.
- Conquistar mercados sem fronteiras demanda desenvolver influência global.
Adicione a isso carisma, irreverência e um “produto” que realmente descomplique a vida do seu público, pronto! Agora, como se diz nas startups, é só escalar.
Thais Antoniolli é executiva de estratégia e inovação, conselheira de empresas e membro do Comitê de Inovação do IBGC.