Autor: Francisco Ricardo Blagevitch
Um mercado promissor e em alta expansão podem ajudar a definir o segmento brasileiro de Tecnologia da Informação (TI). Com o surgimento de novas tendências e siglas, como SOA, BPO, virtualização e mobilidade, o mercado demanda, quase que de forma imediata, profissionais altamente especializados, que reúnam não apenas conhecimentos técnicos, mas também elementos estratégicos, que possam agregar valor à corporação.
Nas rodas de negócios, é comum a constatação de que cada vez mais se torna difícil encontrar mão-de-obra qualificada. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) estima que, na próxima década, a área de TI no Brasil deve crescer 10% ao ano, contra 3% no resto do mundo. Mesmo assim, apesar de todo esse potencial, verificamos que na prática faltam profissionais capacitados.
Só no Brasil, a demanda por profissionais na área de TI tende a chegar a 100 mil ao ano, segundo projeções do Ministério do Trabalho e Emprego. Esse fenômeno pode ser explicado em função do novo status que a tecnologia ganhou dentro das organizações. Os CIOs perceberam que é preciso inserí-la como uma ferramenta estratégica, que garanta suporte à continuidade e à perpetuação do negócio.
Nesse sentido, não basta ser um profissional plugado ou antenado com as últimas novidades tecnológicas e cibernéticas. Entre as competências cada vez mais exigidas pelo mercado estão a liderança, inovação, criatividade e capacidade de trabalhar em equipe. Aliada a tudo isso, a TI se tornou uma maneira valiosa de subsidiar a expansão comercial das empresas, contribuindo de forma direta para a competitividade e credibilidade das organizações.
Os números comprovam o crescimento vertiginoso da tecnologia nacional. Dados da E-Consulting revelam que o mercado brasileiro deve investir R$ 46 bilhões em TI nesse ano, um crescimento de 11,8% em relação a 2007. Só o setor de serviços, que também engloba o Service Desk, deve responder por quase metade do montante nesse período.
Apesar do esvaziamento dos cursos de graduação, o Brasil tem atualmente 51 programas e 66 cursos de pós-graduação na área de ciência da computação, de acordo com dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação. Diante disso, é preciso investir em uma política efetiva, capaz de motivar o retorno aos bancos escolares e coibir a evasão nas universidades. Além disso, investimentos contínuos em cursos profissionalizantes podem contribuir para a geração de mão-de-obra que atenda as necessidades de mercado cada vez mais exigente.
Enquanto o desemprego é fator predominante em diversas áreas da economia, o oposto acontece no setor de tecnologia, que a cada dia demonstra perspectivas mais positivas. Se é evidente que a quantidade de vagas tem sido superior a oferta encontrada no mercado, também fica claro que a falta de qualificação para ocupar os cargos existentes é ainda maior. E esse fenômeno não é exclusivamente brasileiro. No Reino Unido, o déficit de profissionais especializados, que era de 4,2% em 2007, passou para 6,8% em 2008.
A competitividade da economia, registrada nos últimos anos, também trouxe reflexos no perfil do profissional do área de TI. Não basta ser apenas um especialista em tecnologia. É essencial que esse novo profissional compreenda o negócio do cliente, sendo capaz de atuar como um agente facilitador.
Com soluções, serviços e produtos extremamente competitivos, as diferenças entre uma organização e outra acabam se tornando bastante sutis. Nesse sentido, uma boa equipe de profissionais torna-se um grande ativo para a empresa. É por isso que muitas companhias apostam em treinamentos e cursos de certificação, com o objetivo de reter talentos e fidelizar seus colaboradores, já que a rotatividade no setor de tecnologia é considerada uma das mais altas.
Há tempos que os ambientes corporativos deixaram de ser pasteurizados e homogêneos. Em TI, especialmente na área de serviços, apesar de todo a infra-estrutura e aparatos tecnológicos, o fator humano ainda é o elemento mais importante. É por isso que profissionais altamente motivados funcionam como um “carro-chefe” e ajudam, de forma efetiva, a demonstrar todo o diferencial competitivo que a empresa possui. E é disso que o mercado anseia e busca: profissionais dispostos a se tornarem diferenciais estratégicos. Oportunidades, como vemos, são o que não faltam.
Francisco Ricardo Blagevitch é diretor de novos negócios da Asyst Sudamérica. Colaborou Arnoldo Mendonça, diretor de processos.