Autora: Ana Flora Singer Jacobucci
A atual crise brasileira, cíclica, mas sem data prevista para acabar, está mudando a relação do brasileiro com o consumo. Se em 2012, com o boom econômico brasileiro, a Nova Classe C era festejada. Agora, vemos um quadro geral de retração. Sonho de consumo de muitos brasileiros, o automóvel, por exemplo, agora começa a ficar longe da realidade. A associação das concessionárias (Fenabrave) divulgou, no começo do mês, um dado sobre a queda na venda de veículos. A diminuição foi de 32,5% em setembro, em comparação com o mesmo período do ano passado. Já a consultoria Nielsen apontou que a crise está afetando o consumo de alimentos do brasileiro. A venda de peixe enlatado, pão, macarrão e até iogurte tiveram quedas expressivas neste ano.
Na contramão das notícias pessimistas, muitos brasileiros têm lançado mão de uma prática simples que ajuda a movimentar a economia e ainda proporciona um consumo consciente e focado: a experimentação. O hábito de experimentar, inclusive, fez crescer o interesse pelos clubes de assinatura. Se antes ele era restrito apenas a livros, vinhos e cervejas, agora há todo o tipo de clube de assinatura, desde alimentos naturais até produtos para o pet.
Para o comércio de produtos de beleza e bem-estar, por exemplo, o hábito da experimentação é muito antigo. Lojas e até mesmo as vendedoras de porta em porta já faziam o marketing da marca oferecendo a oportunidade de experimentar o cosmético. Tendo assim, a possibilidade de conferir o cheiro, a consistência, a cor e até mesmo como o produto vai se adaptar à pele. Hoje em dia é mais simples, basta fazer uma assinatura online e receber uma caixa mensal com várias amostras para testar. E com o engajamento proporcionado pelas redes sociais ainda conseguimos ter em pouco tempo a opinião da consumidora sobre aquele produto. Com essa informação, a marca tem uma infinidade de possibilidades.
O mercado de assinaturas está revolucionando o consumo, transformando-o em algo mais completo. Atualmente, uma marca consegue medir a aceitação de um xampu, um esmalte ou um creme convocando blogueiras especializadas no assunto. E a força de venda dessas consumidoras online não deve ser desprezada. As grandes marcas de cosméticos já perceberam o poder de consumo gerado por um post num blog de beleza ou mesmo por uma foto no Instagram. Por isso, muitos esforços de marketing e comunicação são voltados para as mídias sociais.
Voltemos aos clubes de assinatura. Não há nada mais efetivo do que testar um produto e ter o feedback das consumidoras antes mesmo do lançamento. Dessa forma, as margens de erros podem ser previstas de forma mais certeira. Ao enviar um mix de produtos para a casa da consumidora e convidá-la a experimentar e ainda opinar sobre isso, as empresas conseguem inclusive alterar campanhas e mesmo o grupo de foco do produto. E em tempos de crise, como agora, nada mais econômico do que saber que você conseguiu acertar e que o seu produto teve excelente aceitação de mercado. O clube de assinatura, diferente do consumo tradicional, não deve ser afetado pela crise. Principalmente, quando a experimentação é essencial para a efetivação do consumo.
Ana Flora Singer Jacobucci é diretora comercial da Glambox