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Flávio Calife, economista da Boa Vista

Varejo inicia o ano em alta

Volume de vendas do varejo restrito aponta alta de 1,8%, em linha com o indicador antecedente da Boa Vista de Movimento do Comércio, que marca alta de 1,7%

O volume de vendas no varejo restrito subiu 2,5% entre os meses de dezembro de 2023 e janeiro de 2024 na comparação dos dados dessazonalizados, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE. O resultado surpreendeu positivamente, uma vez que a mediana das projeções de mercado estava na marca de 0,1%. O indicador de Movimento do Comércio da Boa Vista, companhia do grupo Equifax, por sua vez, apontava uma alta de 0,7% no período.

Em janeiro se destacaram os segmentos de “Tecidos, vestuário e calçados” (+8,5%), “Equipamentos e materiais para escritório” (+6,1%) e “Móveis e eletrodomésticos” (+3,6%). No entanto, no último mês do ano passado, estes mesmos segmentos tiveram fraco desempenho, o primeiro havia caído 6,9%, o segundo 13,0% e o terceiro 7,4%. O segmento de “Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo” também subiu em janeiro, 0,7%, enquanto os segmentos de “Artigos farmacêuticos” e “Combustíveis e lubrificantes” caíram 1,1% e 0,2%, respectivamente.

O volume de vendas subiu 4,1% na comparação interanual e na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, o crescimento passou de 1,7% para 1,8%. O indicador da Boa Vista havia apontado uma elevação mais tímida em comparação a janeiro de 2023, de 1,4%, mas no acumulado em 12 meses a tendência tem sido antecipada muito de perto, alta de 1,7% até janeiro.

“O desempenho do varejo no primeiro mês do ano foi bastante positivo, assim como tinha sido há 12 meses, embora esse número tenha sido revisado para baixo depois. Desde a pandemia o setor tem crescido pouco ano após ano, algo que, de certa forma, até surpreendeu nos anos anteriores em função do número de obstáculos que se tinha até então. Além da pandemia, que por si só já foi um enorme desafio, o varejo teve de lidar com inflação e taxas de juros mais altas depois dela. Soma-se a isso um consumidor mais reprimido e que também passou por um momento bastante delicado, a renda real variou pouco, uma alta de pouco mais de 1% em quatro anos, enquanto o endividamento, o comprometimento de renda e a inadimplência subiram” avaliou o economista da Boa Vista, Flávio Calife.

Inadimplência recuando

De acordo com o executivo, “agora o quadro é mais favorável, aos poucos o endividamento e o comprometimento de renda das famílias estão recuando, assim como a inadimplência, o mercado de trabalho tem apresentado números bons, apesar do aumento, que já era esperado, na taxa de desemprego entre os meses de dezembro e janeiro, a inflação está sob controle depois de uma política monetária que se manteve rígida e cautelosa e o ciclo de queda na taxa Selic deve continuar. Assim, o varejo caminha para mais um ano de crescimento e é importante destacar que os segmentos mais dependentes do crédito podem estar à beira de uma mudança, deixando para trás o desempenho mais fraco nos últimos dois anos”.

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