Fabiano Nagamatsu, CEO da Osten Moove

Corrida invisível: como mudança de algoritmos desafia visibilidade e vendas

Cada ajuste derruba estratégias antigas, exigindo que marcas se reinventem o tempo todo

Autor: Fabiano Nagamatsu

Quem trabalha com marketing digital, social media ou e-commerce já percebeu que o cenário nunca para. Um post que ontem viralizou, hoje não alcança ninguém. Um anúncio que antes performava bem, agora custa o dobro. Isso não é coincidência, é o efeito direto de mudanças constantes nos algoritmos que regem plataformas como Google, Instagram, TikTok, LinkedIn e até marketplaces como Amazon e Mercado Livre.

O Google é, de longe, a plataforma que mais atualiza seus algoritmos. Segundo o próprio Google Search Central, o mecanismo de busca realiza entre 3.000 e 5.000 atualizações por ano, o que dá uma média de 8 a 13 ajustes por dia. A maioria dessas mudanças é pequena, mas algumas — como os chamados Core Updates — podem provocar verdadeiros terremotos no tráfego dos sites.

O Instagram (e o ecossistema Meta como um todo) ajusta seu algoritmo toda semana, como declarou o próprio CEO da plataforma, Adam Mosseri. As mudanças afetam diretamente o que aparece no feed, no Explorar e nos Reels. O TikTok funciona com um modelo de inteligência artificial dinâmica, ou seja, o algoritmo se ajusta em tempo real com base no comportamento coletivo dos usuários. Além disso, a plataforma faz de 2 a 4 grandes mudanças estruturais por ano.

A Amazon atualiza seus algoritmos de ranqueamento e anúncios várias vezes por mês. Em 2024 e 2025, a empresa reformulou seu sistema PPC (pay-per-click) e passou a valorizar: Tráfego externo Google, redes sociais); Taxa de conversão; Qualidade da página do produto (imagens, avaliações, tempo de leitura). O Mercado Livre também implementou atualizações diárias por meio de inteligência artificial, desenvolvidas em parceria com a AWS.

Mas por que os algoritmos mudam tanto? E como isso impacta diretamente nas vendas e na visibilidade de empresas e startups?

Os algoritmos são sistemas automatizados que organizam e entregam conteúdo conforme critérios como relevância, engajamento, comportamento do usuário e contexto. Na prática, eles funcionam como editores invisíveis que escolhem o que seu público vai ver e o que vai ficar escondido.

A frequência de mudanças é alta: o Google atualiza seu algoritmo de busca milhares de vezes por ano, sendo que algumas atualizações principais — como o Core Update ou o Helpful Content — causam reviravoltas em SEO, tráfego e rankings. Já redes como Instagram e TikTok ajustam seus modelos quase semanalmente com foco em retenção e monetização.

Essas mudanças não são aleatórias. Elas buscam melhorar a experiência do usuário, combater spam, conteúdo duplicado e irrelevante, incentivar novos formatos (como vídeos curtos ou lives) e favorecer conteúdo pago em vez do orgânico (aumentando a receita das plataformas). O problema? Cada ajuste derruba estratégias antigas, exigindo que marcas se reinventem o tempo todo. Quando o algoritmo muda, a visibilidade orgânica pode despencar de um dia para o outro. Isso afeta toda a jornada do consumidor: menos tráfego no site, menos leads, menos conversões e, no fim, menos vendas.

Segundo dados da Hubspot, 76% dos profissionais de marketing relataram queda no alcance orgânico em pelo menos uma rede social em 2024. Já o custo por aquisição (CAC) em anúncios digitais subiu em média 29% nos últimos dois anos, segundo dados do Statista e da Wordstream.

Plataformas como Meta Ads (Facebook/Instagram) e Google Ads tornaram-se mais caras e menos previsíveis. Se antes era possível alcançar mil pessoas com R$ 10, agora muitas campanhas exigem otimizações técnicas constantes para manter o custo por mil impressões (CPM) sob controle.

A boa notícia: não é impossível acompanhar o ritmo dos algoritmos. Mas exige uma nova mentalidade: dados, testes, agilidade e coragem para experimentar.

Aqui vão estratégias práticas para se adaptar:

1 – Entenda o comportamento dos algoritmos na prática

Estude como cada plataforma prioriza o conteúdo. O TikTok foca no tempo de retenção. O Instagram favorece Reels. O LinkedIn valoriza o engajamento inicial nos primeiros 60 minutos. O Google preza por autoridade e originalidade. Monitore constantemente as atualizações e esteja pronto para ajustar seu conteúdo ao que realmente funciona.

2 – Use as métricas certas

Ficar obcecado por curtidas ou seguidores não resolve. Foque em KPIs estratégicos: CAC (Custo de Aquisição de Cliente), CPM (Custo por Mil Impressões), CTR (Taxa de Clique), Engajamento real e ROI por canal. Entenda sua persona, refine as palavras-chave, use as tags corretas e alinhe a mensagem da sua marca com as dores e desejos do seu público.

3 – Simule antes de agir

Testes A/B são obrigatórios. Simule diferentes criativos, públicos e abordagens antes de investir pesado. Ferramentas como o Meta Ads Library, Google Experiments ou CRMs com IA preditiva ajudam a prever resultados antes de gastar tempo e dinheiro.

4 – Otimize seu time e recursos

Não adianta seguir um plano engessado. Campanhas precisam de ajustes semanais, às vezes diários. Use automações e dashboards para acompanhar métricas em tempo real. Não desperdice verba com campanhas ineficazes.

5 – Seja flexível e adaptável

O marketing digital não premia quem acerta sempre, mas quem erra rápido e aprende rápido. Se algo não funciona, teste outra abordagem. Mude o formato. Ajuste o CTA.

A nova regra do jogo é clara: quem não muda, desaparece.

Startups e marcas que crescem hoje não são as que acertam tudo de primeira. São aquelas que usam dados, testam hipóteses, acompanham as tendências e nunca param de aprender. A velocidade do algoritmo é um desafio, mas também é uma vantagem para quem sabe se adaptar rápido.

Sua empresa está pronta para esse ritmo? Ou vai continuar reclamando do alcance orgânico?

Fabiano Nagamatsu é CEO da Osten Moove.

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