José Cesar Costa

Inadimplência cresce e alcança quase 64 milhões de brasileiros 

Segundo CNDL/SPC, número de inadimplentes do Brasil teve crescimento de 10,13% em comparação a agosto de 2021

Quatro em cada dez brasileiros adultos (39,41%) estavam negativados em agosto de 2022, o equivalente a 63,71 milhões de pessoas. O volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 10,13% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Cada negativado devia, em média, R$ 3.630,64 e os bancos são os principais locais de dívidas dos inadimplentes 

Com base nos dados disponíveis em sua base, que abrangem informações de capitais e interior de todos os 26 Estados da federação, além do Distrito Federal, o levantamento registrou que a variação anual observada em agosto deste ano ficou acima da observada no mês anterior. Na passagem de julho para agosto, o número de devedores cresceu 0,78%. 

O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca que a melhora de alguns índices do país e a aproximação do período de contratações de trabalhadores temporários para o final do ano podem trazer um cenário mais positivo. “Alguns índices no cenário macroeconômico tiveram melhora, como aumento do PIB, diminuição do desemprego e liberação de retroativos de auxílio emergencial, mas a inflação alta, especialmente com relação aos alimentos, continua impactando no orçamento das famílias. Por outro lado, estamos próximos das contratações de final de ano e do pagamento do 13º dos trabalhadores, o que geralmente traz alívio para o bolso dos endividados”. 

Faixas etárias

O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a 1 ano (34,90%). O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em junho está na faixa etária de 30 a 39 anos (24,03%), são 15,83 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores. Tal montante equivale a 46,29% do total deste grupo etário. A quantidade segue bem distribuído entre os sexos: 50,88% de mulheres e 49,12% de homens. Quase quatro em cada dez consumidores (34,41%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 49,24% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000. 

Em relação ao aumento do endividamento no Brasil, o indicador mostra que em agosto de 2022 houve crescimento de 19,20% em relação ao mesmo período de 2021. O dado observado em agosto deste ano ficou acima da variação anual observada no mês anterior. Na passagem de julho para agosto, o número de dívidas apresentou alta de 1,72%. 

Abrindo a evolução do número de dívidas por setor credor, destacou‐se a evolução das dívidas com o setor de Bancos com crescimento de 33,98%, seguido de Água e Luz (10,00%). Em outra direção, as dívidas com o setor credor de Comunicação (‐10,48%) e Comércio (‐2,12%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso. 

Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de Bancos, com 60,50% do total. Na sequência, aparece Comércio (13,13%), o setor de Água e Luz com 10,60% e Comunicação com 8,72% do total de dívidas. 

Linhas de crédito

O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, alerta para a importância de os consumidores buscarem o máximo de informações a respeito das linhas de crédito oferecidas pelos bancos antes da contratação de um empréstimo. “Os bancos oferecem diversas linhas de crédito, mas aquelas de mais fácil acesso costumam ser também as mais caras. Por isso, quando as contas não estiverem mais cabendo no orçamento, a orientação é procurar linhas de crédito mais baratas, ainda que isso signifique se deslocar até uma agência bancária ou falar com o gerente da conta. No final, esse movimento pode significar uma boa economia e pode evitar uma bola de neve nas dívidas do consumidor”.

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