O fantasma da inadimplência
Dados da Federação Brasileira de Bancos, Febraban, mostram que para os próximos meses o Brasil deve crescer menos que nos últimos anos – o PIB do País deve subir 2%, contra a expectativa inicial de 4%. Isso ainda mantém a economia brasileira longe dos problemas enfrentados, por exemplo, por Itália e Espanha imersas na crise econômica, mas, não imune à alta da inadimplência que assombra o País, deixando o mercado de crédito e cobrança em situação conturbada. “O momento é de elevado índice de inadimplência que já vem de meados do ano passado. O nível de endividamento da população fez com que a inadimplência subisse e essa realidade impacta negativamente nos resultados das empresas de cobrança e na gestão de seus clientes”, avalia Claudio Kawasaki, vice-presidente do Instituto de Gestão de Excelência Operacional em Cobrança, IGeoc.
E a tendência é que a inadimplência permaneça em alta, acredita o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg. Como sugestão para driblar a situação ele propõe algumas ações: “Inserir produtos inovadores que diminuam a inadimplência e os custos associados, que permitam acesso das classes C e D ao mercado de consumo, com riscos controlados e contribuam para o financiamento privado de longo prazo”, recomenda.
Tais medidas proporcionam um desafio à indústria brasileira de crédito e cobrança que terá que manter o ritmo de desenvolvimento diante de um número desfavorável de devedores e da iminente adversidade econômica que paira sobre a Europa. Para tanto, a estratégia deve ser a de se moldar ao novo cenário com a entrada das classes C, D e E, como potenciais consumidores e ao advento das redes sociais na comunicação entre as empresas e os clientes. “A maioria dos gestores já investe em novas tecnologias e em formas de abordagem que melhoram a aproximação com os inadimplentes. Mas este ainda é um grande desafio para as empresas, já que o nível de inadimplência está alto, batendo níveis históricos, e o crescimento das carteiras de crédito nos últimos dois anos”, avalia Jair Lantaller, presidente do IGeoc.
Para finalizar, Claudio Kawasaki, dá ainda outra alternativa: investir na educação financeira da população brasileira. “Para mim a inadimplência é consequência de uma concessão para um público da classe D emergente e também por parte do próprio mercado de oferecer o crédito para esse pessoal que efetivamente não tinha uma educação financeira para fazer uma aquisição de crédito. O resultado é uma alta da inadimplência. Agora, os novos créditos já estão mais sadios, porém, ainda tem uma onda de inadimplência para ser controlada até o final do ano” destaca.