Munido de prós e contras, o cheque ainda é encarado por muitos como um dos vilões entre os meios de pagamento. Mas, para alguns especialistas, como a diretora de recuperação da TeleCheque, Dirlene Costa, é um ótimo instrumento que causa menos endividamento do que os cartões de crédito, por exemplo. “É uma excelente forma de parcelamento, até mesmo porque no processo de inadimplência relacionado a um cheque, o nível de juros é menor do que em um cartão de crédito, no qual a pessoa fica mais endividada ainda”, explica a executiva.
Segundo Dirlene, o desafio das recuperadoras diante das dívidas com cheques devolvidos é o autoendividamento do consumidor e das famílias. “Como o endividamento está maior, existe um grande número de credores atrás do mesmo devedor, então o mercado fica mais competitivo com relação a essa recuperação de crédito”, diz. “O desafio hoje de todas as recuperadoras de quem trabalha com cobranças, é o autoendividamento do consumidor e das famílias”, completa.
Dentre as estratégias utilizadas pela recuperadora para lidar com este perfil de consumidor, Dirlene explica que as melhores práticas incluem gestão de pessoas, tecnologia e de processos. “A primeira questão é que hoje não se cobra mais como antigamente, no mercado de autoendividamento você precisa tratar e treinar a sua equipe para serem negociadores”, diz. “Eles [os negociadores] precisam ser bons ouvintes, entender a necessidade e o momento em que esse devedor está e fazer a melhor proposta para que ele consiga te pagar, essa é uma prática eficiente”, completa. Ainda de acordo com a executiva, as ações assertivas estão nas ferramentas de análise do crédito, incluindo os modelos estatísticos – seja na concessão, como também na recuperação do crédito pós-inadimplência.
“Existem vários modelos, tem modelos estatísticos, tem redes neurais, uma ferramenta poderosa que nós utilizamos aqui, também. O importante é você analisar, trabalhar e direcionar a sua ação de cobrança conforme o nível de probabilidade de recebimento”, diz Darlene, a qual afirma que os menores índices de inadimplência observados nos cheques são devido ao maior cuidado que o consumidor tem com este tipo de pagamento, o qual penaliza de forma mais severa. “Porque como ele sabe que o cheque devolvido traz mais penalidades imediatas, automaticamente ele vai para o Banco Central, para o cadastro do cheque sem fundo. Por causa disto, este consumidor toma mais cuidado. De alguma forma ele ajuda nessa parte da educação”, finaliza.