Eduardo Merighi, o vice-presidente de tecnologia e soluções da Elo

Elo e Caixa testam tecnologia de pagamento off-line para regiões sem conectividade

A iniciativa converge recursos simples e altamente complexos, como blockchain e tokenização

A Elo, empresa brasileira de tecnologia de pagamentos, em parceria com a Caixa e a Idemia Secure Transactions, anunciaram o desenvolvimento de um projeto que poderá viabilizar transações financeiras em regiões de vulnerabilidade econômica e acesso restrito à rede. “O Brasil é um país de muitas oportunidades e de grandes paradoxos. Até abril de 2025, cerca de 57% dos brasileiros não têm acesso de alta qualidade à internet – mais da metade da população, portanto. Apenas 22% dos cidadãos têm acesso considerado pleno e estável. Esses números lançam um grande desafio para as empresas, sobretudo na interface entre o físico e o digital”, comentou  Eduardo Merighi, o vice-presidente de tecnologia e soluções da Elo.

O teste robusto para a solução de pagamento off-line ocorreu no município de São Sebastião da Boa Vista, no Pará, um dos símbolos da cultura ribeirinha do país, onde o atendimento aos beneficiários de programas sociais, realizado pela Caixa, é feito exclusivamente por meio da agência-barco, que presta serviços de forma itinerante. “O sucesso da iniciativa tem o potencial de melhorar a maneira como a população local recebe, envia, consome ou mesmo guarda dinheiro, especialmente em áreas com pouca conectividade e acesso limitado a serviços financeiros”, assegurou Marcelo Viana Paris, superintendente nacional de benefícios sociais da Caixa.

De acordo com o executivo, “a Caixa está comprometida em oferecer soluções que melhorem a vida das pessoas, independentemente de onde elas estejam. Iniciativas como essa demonstraram o potencial da tecnologia em possibilitar transações seguras e eficientes, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social de nosso país”.

A cobertura de internet na região é carente. Segundo a ANATEL (2024), em torno de 54% da população rural e urbana do município de São Sebastião da Boa Vista tem cobertura de internet. Mas não só isso: o município é conhecido como a “Veneza da Ilha de Marajó”, pela sua exuberância de canais de água e pelas casas de palafita – construções da cultura popular que se adaptam ao poderoso regime climático do local, que registra altos índices pluviométricos.

O primeiro destaque da operação é a presença da agência-barco da Caixa, criada justamente para o atendimento de populações ribeirinhas da Amazônia e da região norte do país, em toda a sua variedade de desafios, oferecendo periodicamente os mesmos serviços de uma agência convencional em terra, exceto os de movimentação de dinheiro em espécie.

“Temos a missão de explorar a tecnologia de pagamento offline para ampliar a inclusão financeira, oferecendo o que há de mais avançado para melhorar a vida das pessoas, dentro da possibilidade de desenvolver negócios em todos os territórios do país”, complementou Rafael Dias Silva, superintendente nacional de administração financeira da Caixa. 

Infraestrutura tecnológica: do simples ao altamente complexo

O funcionamento do pagamento off-line ganha vida a partir da tecnologia blockchain – uma das fronteiras de inovação não só em finanças, mas para a economia digital como um todo do século XXI.  A solução envolve o uso de carteiras digitais que armazenam as chaves dos usuários e permitem o acesso à nova moeda em versão tokenizada (que é um ativo financeiro convertido em token). Essa nova lógica de negócio abre possibilidades de transações com segurança, agilidade e sem atritos. 

“Trata-se de um circuito implementado em blockchain, em formato totalmente protegido por criptografia. Em suma, o projeto contém camadas de inovação, infraestrutura descentralizada e design da jornada do cliente que asseguram a integridade das transações, mesmo em ambientes de acesso restrito à internet, e em qualquer outra modalidade oficial de pagamento”, afirmou Merighi.

As carteiras digitais, que estão na base do processo, podem ser acessadas nas modalidades on-line ou off-line, em dispositivos móveis habilitados com a tecnologia do pagamento offline aptos a realizar transações em pontos de venda que acolhem as opções de pagamento por tecnologia de aproximação (NFC), QR Codes e até mesmo cartões biométricos.

A operação em São Sebastião da Boa Vista permitiu que a Elo e Caixa observassem a realidade concreta das famílias ao acessarem ou utilizarem seus recursos, principalmente nas regiões atendidas pela agência-barco da Caixa. “O Brasil reserva lições que estão muito além dos protocolos padronizados de mercado. Aprendemos que a inovação pode ser aplicada em circunstâncias de máxima simplicidade. Portanto, criar serviços cada vez mais simples e eficientes – dentro de um contexto de avanço tecnológico – é um mantra para quem toca o dia a dia da empresa que é reconhecida como o cartão do brasileiro”, finalizou Merighi.

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