Com uma linguagem acessível para todos os públicos, “Inteligência Artificial: entre o fascínio e o medo”, de Paulo Roberto Córdova, propõe reflexões provocativas sobre o duplo potencial da IA
“A inteligência artificial já não é mais uma questão futurística. Ela está aqui, agora, em nossos celulares, nas redes sociais, nos serviços de streaming, nas rotas sugeridas por aplicativos, ditando o conteúdo que consumimos, influenciando nossas decisões de compra e, muitas vezes, moldando nossas próprias opiniões sem que percebamos. E, pela primeira vez na história da humanidade, dividimos o mundo com uma entidade capaz de rivalizar e, em alguns casos, até superar nossas capacidades cognitivas. Mas será que realmente compreendemos o que ela é e como está transformando nossas vidas?”, questiona Paulo Roberto Córdova, autor do livro “Inteligência Artificial: entre o fascínio e o medo” que está sendo lançado.
É a partir desse cenário cada vez mais presente e invisível, obra que convida o leitor a pensar de forma crítica sobre essa tecnologia que tanto encanta quanto amedronta. Lançado em um momento crítico de expansão tecnológica, a obra atravessa a história da computação até os algoritmos modernos, conectando os avanços técnicos aos dilemas humanos contemporâneos.
Ameaças e oportunidades da IA
Com base em anos de pesquisa e atuação na intersecção entre tecnologia e educação, Córdova — doutor em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professor no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) — escreve de maneira acessível e provocativa, explorando as ameaças e oportunidades desse novo paradigma.
“A inteligência artificial já nos conhece tão bem, que é capaz de nos proporcionar experiências altamente personalizadas, capazes de nos prender por horas, de formas perigosamente viciantes. Mas será que nós a conhecemos tão bem assim? ”, indaga o autor.
Ao longo do livro, o leitor é guiado por uma narrativa que combina história, ciência e filosofia, resgatando os marcos do desenvolvimento desse recurso tecnológico e questionando seus impactos sobre direitos humanos, ecossistemas e meio ambiente. Mais do que explicar como funcionam essas tecnologias, Córdova aborda o tema do ponto de vista humanístico.
“A natureza da IA revela muito sobre a natureza humana. Ela foi criada, mesmo que acidentalmente, à nossa imagem e semelhança. Isso permite deduzir que, se ela aprende conosco, vai reproduzir não só nossas qualidades, mas também nossos defeitos mais sombrios, refletindo casos reais de discriminação racial e de gênero em algoritmos que influenciam desde processos seletivos até concessão de crédito”, explicou o professor.
Um exemplo disso citado no livro é o caso da Amazon, que parou de utilizar uma inteligência artificial criada pela companhia para encontrar bons candidatos a vagas de emprego após perceber que a ferramenta atribuía notas mais baixas a currículos de mulheres para cargos técnicos na área de TI, reproduzindo um padrão de contratações predominantemente masculinas na área de tecnologia.
Mitos e verdades
O livro procura, também, desconstruir mitos sobre um futuro apocalíptico dominado por máquinas para focar nas questões práticas e filosóficas realmente pertinentes: como reconhecer a presença da IA em nosso cotidiano, compreender seu funcionamento, avaliar seu impacto nas relações sociais e prever os caminhos possíveis para uma convivência equilibrada com a tecnologia.
“Entre a fascinação e o medo, há uma história que precisa ser contada”, afirma o autor, que propõe uma jornada de reflexão sobre os riscos reais e as extraordinárias possibilidades que a inteligência artificial representa para o futuro da humanidade.Ficha Técnica
Título: Inteligência Artificial: entre o fascínio e o medo
Autor: Paulo Roberto Córdova
Editora: Contexto
Páginas: 288