A combinação de IA com a ação humana resulta em uma abordagem mais precisa
Autora: Paula Klotz
Uma sigla pode mudar o jeito do mercado global fazer negócios. Esse é o caso da “Faang”, termo que representa as cinco gigantes techs que causam um brutal impacto no mundo tecnológico e para além dele: Facebook (agora Meta), Amazon, Apple, Netflix e Google. Essas companhias são referências em inovação e transformação digital, ditando tendências e redefinindo a relação entre marcas e consumidores.
Replicar os aprendizados dessas empresas pode parecer a fórmula ideal, mas, quando se trata de estratégia de marketing, o êxito de uma marca não depende simplesmente de reproduzir o modelo das big techs. Afinal, o que funciona para impérios bilionários nem sempre se aplica a outras empresas, exigindo uma abordagem mais adaptável e autêntica.
Depender exclusivamente das ideias e ações do universo “Faang” pode restringir a criatividade e a adaptação necessárias para atender nichos específicos de mercado. Não que o sucesso destas gigantes deva ser ignorado. Pelo contrário: pode inspirar, mas não ser utilizado exclusivamente como uma receita pronta para alcançar qualquer objetivo corporativo.
No marketing, é possível adotar medidas que aproveitem outras plataformas e abordagens consideradas inovadoras. Por isto, neste artigo compartilho 9 ideias para ir além dos comandos da sigla:
- Uma das opções é explorar novos formatos de conteúdo e de comunicação em outras redes sociais como Tik Tok e Bluesky que oferecem oportunidades únicas para promover conexão com vários públicos.
2; Outra possibilidade é a de investir em storytelling autêntico, focado nos valores da marca. As empresas podem se destacar não apenas pelo que vendem, mas pela forma como contam suas histórias, ou seja, criando vínculos emocionais com os consumidores, algo que muitas vezes é negligenciado ao se copiar modelos padronizados.
3. As parcerias estratégicas com influenciadores locais e campanhas hiper personalizadas também são formas eficazes de capturar a atenção do público, conforme a realidade da sua região. É super interessante estabelecer conexões comunidades em torno da marca.
4. Marketplace e presença digital: a Amazon é uma referência em marketplace, mas plataformas como o Mercado Livre também oferecem grandes oportunidades para o público empreendedor brasileiro. Contudo, é importante não depender exclusivamente desses canais. Isso se justifica porque criar um e-commerce próprio fortalece a imagem da marca e pode gerar maior confiança nos seus consumidores.
5. Relevância do first-party data O first-party data, que refere-se às informações coletadas diretamente pela empresa com o consentimento dos clientes, respeitando normas como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), incluem o histórico de compras, a frequência de visita ao site e a preferências pessoais, entre várias outras. Ao enriquecer essa base de dados, a empresa pode criar campanhas personalizadas, realmente direcionadas para as necessidades de seus clientes. O que é especialmente relevante ao possuir uma loja própria, já que, como dito antes, nos marketplaces temos um acesso mais restrito a dados. Ou seja, fidelizar clientes com base em first-party data reduz custos com aquisição de novos consumidores.
- Hiper personalização e CRM
A hiper personalização se tornou uma tendência essencial para empresas que buscam engajar seus clientes. Com o uso de dados de first-party data, é possível criar comunicações relevantes. Essa abordagem inclui ações como enviar cupons personalizados, lembrar o cliente de uma recompra ou sugerir produtos complementares, tudo com base no histórico. Ainda: uma das formas mais eficazes de implementar a hiper personalização é por meio de CRMs robustos, que cruzam dados de comportamento, frequência de compra e preferências dos clientes. Dessa forma, é possível oferecer uma experiência integrada que aproxima o consumidor da marca.
2. Marketing sensorial: ferramenta diferenciada
Outra estratégia é apostar no marketing sensorial para criar uma conexão emocional com o cliente. Mesmo no contexto digital, é possível aplicar elementos que cativem os sentidos do consumidor, como o envio de produtos com embalagens perfumadas, bilhetes escritos à mão, entre outros recursos. A ideia é mostrar para o seu cliente que ele é especial, oferecer a ele um tratamento diferente do que se fosse comprar em grandes comércios, mais impessoais.
Assim como uma loja física pode se destacar pelo aroma característico, um e-commerce pode surpreender pelo cuidado na apresentação dos produtos. Isso fortalece a relação com o consumidor, especialmente em compras iniciais. E mais: ao repetir o capricho em interações futuras, você gera uma percepção de atenção constante, aumentando as chances de recompra. Nesse cenário, o relacionamento também é um aspecto crucial do marketing sensorial. Ter uma presença ativa nas redes sociais, responder rapidamente às dúvidas e oferecer informações sobre os produtos são práticas que ajudam a reter clientes. Do primeiro impacto do anúncio até o acompanhamento do pedido, cada etapa deve ser pensada para facilitar a vida do consumidor, fortalecendo a imagem da marca.
3. Upsell e cross-sell no e-commerce
O upsell e o cross-sell são maneiras valiosas de aumentar o ticket médio e oferecer uma melhor experiência ao consumidor. No caso de um e-commerce, isso pode se traduzir em oferecer copos complementares a um jogo de louças já adquirido ou sugerir uma blusa combinando com uma calça fitness que já está no carrinho de compras, por exemplo. Nesse sentido, mapear os produtos mais vendidos em conjunto e adquiridos por outros clientes, bem como oferecer essas sugestões de forma estratégica, pode facilitar a vida do usuário e aumentar as vendas. E, mais uma vez, a análise de dados é fundamental aqui.
4. A IA desempenha um papel essencial na mineração e análise de dados Ferramentas de análise de dados permitem entender o comportamento do usuário e otimizar a jornada de compra. Todavia, a intervenção humana continua sendo essencial para validar opiniões e transformar dados em estratégias reais.
Ou seja, a combinação de IA com a ação humana resulta em uma abordagem mais precisa. Há muito além do arco-íris das bigtechs, é possível encontrar o verdadeiro pote de ouro seguindo a habilidade de cada empresa em criar seu próprio caminho.
Paula Klotz é gerente de mídia e growth da Alot.