Ainda há desafios operacionais importantes, especialmente para marcas menores, como o suporte da plataforma e a necessidade de diversificação de canais
Autor: Vinicius Galera
Nos últimos tempos, observamos uma mudança significativa na forma como as pessoas se relacionam com o digital. Ambientes antes voltados exclusivamente ao entretenimento estão assumindo um papel ativo na jornada de consumo. Um dos caminhos mais assertivos para impulsionar os resultados nesta Black Friday, considerada uma das maiores oportunidades anuais do comércio tanto no Brasil quanto em outros países, é a aposta em formatos audiovisuais, como os já explorados no TikTok Shop, bem como a colaboração com criadores digitais para ampliar o impacto nas receitas.
A lógica por trás disso é simples, porém profunda. Estamos assistindo a uma fusão concreta entre plataformas de entretenimento e conversão. O que antes era visto como espaços distintos, como vitrines, redes sociais e pesquisas online, agora se mistura em uma jornada complementar, na qual o consumidor descobre, se conecta, confia e adquire sem sair de uma única tela. O TikTok, particularmente, está no centro dessa transformação. Um levantamento interno aponta que o aplicativo movimentou, em 2024, mais de US$ 33 bilhões globalmente por meio do TikTok Shop, quase o triplo do ano anterior. Só nos Estados Unidos, o canal cresceu 650% e gerou mais de US$ 100 milhões em vendas na Black Friday.
Esse crescimento acelerado se sustenta na confiança, uma vez que os consumidores estão cada vez mais céticos em relação ao que as empresas dizem sobre si mesmas, mas acreditam na recomendação de personalidades digitais com as quais se identificam. Segundo dados do Influencer Marketing Hub, cerca de 49% dos usuários preferem seguir indicações de influenciadores do que da própria marca. Quando essa recomendação acontece de forma natural, dentro de um conteúdo em vídeo, com contexto, emoção e autenticidade, a capacidade de interferir na decisão de compra é infinitamente maior.
A aposta em criadores digitais também é estratégica do ponto de vista de eficiência de mídia. Hoje, o custo para impactar um consumidor com qualidade por meio de anúncios tradicionais está cada vez mais alto. Em contrapartida, uma parceria bem estruturada com donos de perfis online pode gerar até 30% mais retorno sobre o investimento, com taxas de engajamento superiores a 3%. Outro dado interessante: 71% dos usuários do TikTok afirmam já ter comprado algo depois de ver um produto no próprio feed, de acordo com o mesmo estudo citado acima. Portanto, estamos falando de uma jornada altamente integrada ao consumo de conteúdo.
Na prática, esse cenário representa uma revolução completa na forma de fazer marketing e otimizar as vendas. Os negócios que entenderem essa lógica e adaptarem suas estratégias terão mais chances de se destacar na Black Friday. Isso inclui investir na produção de conteúdo em vídeo que seja nativo da plataforma, utilizar influenciadores não apenas como mídia, mas como cocriadores de experiências, e explorar o potencial do TikTok Shop como canal real de conversão e não somente vitrine.
É claro que esse movimento exige atenção. Ainda há desafios operacionais importantes, especialmente para marcas menores, como o suporte da plataforma e a necessidade de diversificação de canais para não depender de um único ambiente. Ao mesmo tempo, esse panorama não invalida a tendência e reforça a importância de um planejamento com visão de longo prazo.
A data mais importante para o varejo será, mais uma vez, um teste de maturidade, além de uma possibilidade de testar o que vem sendo indicado no segmento ao longo do ano. Aqueles que souberem unir entretenimento e conversão têm uma grande perspectiva de alcançar o sucesso.
Vinicius Galera é diretor de impulso de vendas da FCamara.