O contexto de negócios que emerge agora não é apenas digital, é inteligente, distribuído e, acima de tudo, moralmente orientado
Autor: Daniel Prianti
Sempre tive como premissa na minha carreira a paixão pelo empreendedorismo, pela tecnologia, pelos modelos de plataforma e pelos investimentos de impacto. E é inspirador ver Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, reforçar em um artigo publicado recentemente, que vivemos uma das transições mais profundas da história dos negócios: “uma empresa deixou de ser uma linha de produção; agora é uma plataforma. Já não é apenas uma máquina; é um ecossistema vivo e adaptativo. E liderar passou a significar navegar na incerteza com propósito e visão”.
Essas palavras traduzem muito do que tenho observado e defendido sobre o futuro do trabalho e dos negócios: um modelo que conecte grandes organizações a um pool mais diverso, transparente, distribuído e inovador.
Nos últimos tempos, esse modelo vem sendo compreendido cada vez mais como um ecossistema. Isso porque ele nasce de quatro pilares estruturantes, como propõe o autor e consultor Maximiliano Carlomagno: Governança modular; Efeitos de rede; Fronteiras porosas; e Foco em valor coletivo.
Um estudo global reforça essa lógica. De acordo com o EY Ecosystem Study, 69% dos líderes de empresas que participam de ecossistemas afirmam que esses modelos são muito importantes para o sucesso atual de suas organizações, e 91% reconhecem que os ecossistemas aumentaram a resiliência de seus negócios.
O estudo também mostra que, em média, ecossistemas de alta performance alcançam 1,5 vez mais redução de custos, contribuem 1,5 vez mais para a receita anual e geram 2,1 vezes mais crescimento de receita incremental em comparação com ecossistemas de baixa performance. Nesse cenário, ecossistemas não são apenas conceitos inspiradores: são mecanismos concretos de criação e distribuição de valor, vivos, tecnológicos e em constante evolução.
Voltando à reflexão de Klaus Schwab, ele reforça que as empresas que definirão a próxima década não serão as maiores, mas as mais ousadas: aquelas que não esperam pela disrupção, a criam. São as que usam tecnologias inteligentes para reimaginar o propósito do negócio, transformando possibilidade em oportunidade.
E Schwab é categórico ao lembrar que essa transformação não é automática nem neutra: os sistemas inteligentes podem amplificar a humanidade ou reduzi-la. Se as empresas perseguirem apenas eficiência, substituirão pessoas. Se buscarem significado e inovação, elevarão pessoas. A escolha é nossa e é uma das mais determinantes do nosso tempo.
O ex-CEO da Unilever, Paul Polman, autor do livro Impacto Positivo, define bem o desafio contemporâneo da liderança: “tendo coragem e uma bússola moral, os líderes podem fazer o que sabem que é certo, mesmo se arriscando a um grande custo.”
O contexto de negócios que emerge agora não é apenas digital, é inteligente, distribuído e, acima de tudo, moralmente orientado. Movido por propósito, mediado pela tecnologia e ampliado pela colaboração.
Daniel Prianti é fundador e coCEO da Pool.





















