Empresas que estimulam colaboração, troca de conhecimento e curiosidade conseguem transformar a IA em uma competência estratégica
Autora: Elis Hernandes
A inteligência artificial deixou de ser uma tendência distante para se tornar parte do cotidiano corporativo. Está presente em decisões estratégicas, operações, atendimento e na forma como empresas se relacionam com clientes e colaboradores. Mas, apesar de toda a sofisticação tecnológica, continuo acreditando que a verdadeira transformação não nasce das máquinas, mas sim das pessoas.
Ao longo da minha trajetória liderando projetos de transformação digital, pude observar que projetos de IA geralmente não falham pela falta de tecnologia, mas pela ausência de preparo cultural. Não basta ter dados, infraestrutura e modelos avançados. É preciso ter uma organização disposta a aprender, a questionar e a mudar. Em outras palavras, antes de ser uma revolução digital, a inteligência artificial é uma revolução cognitiva.
A cultura é o maior diferencial competitivo nesta jornada. Empresas que estimulam colaboração, troca de conhecimento e curiosidade conseguem transformar a IA em uma competência estratégica, e não apenas em um experimento isolado. Quando as pessoas compreendem que a tecnologia não vem para substituí-las, mas para potencializar suas capacidades, o medo dá lugar à inovação e transformação.
É nesse ponto que a inteligência artificial deixa de ser um recurso técnico e passa a ser um mecanismo humano.
A experiência também mostra que a capacitação contínua é tão importante quanto o investimento tecnológico. Profissionais que entendem como a IA funciona e como ela pode apoiar seu trabalho se engajam naturalmente no processo. Eles deixam de ser usuários passivos e passam a cocriar soluções.
E quando isso acontece, percebemos que a tecnologia não apenas automatiza tarefas, mas liberta tempo para decisões estratégicas, pensamento crítico e criatividade.
No entanto, essa jornada exige responsabilidade. A adoção de IA com transparência, ética e governança sólida é essencial para garantir confiança. Mais do que eficiência, precisamos assegurar que decisões automatizadas sejam transparentes e respeitem valores humanos, privacidade, diversidade e justiça. O progresso tecnológico só tem valor quando está alinhado ao progresso social.
Costumo dizer que o futuro das empresas não será definido pela velocidade com que adotam novas tecnologias, mas pela maturidade com que integram essas tecnologias às pessoas. A inteligência artificial corporativa é, no fim das contas, uma história sobre seres humanos que aprendem, se adaptam e constroem novas possibilidades juntos.
Porque, por trás de cada algoritmo, existe alguém com uma pergunta, uma hipótese e uma visão. E é essa visão, quase sempre curiosa, inquieta e profundamente humana, que move o mundo.
A tecnologia é o meio. Nós somos o propósito!
Elis Hernandes é diretora de desenvolvimento de Software & Pré Vendas da Marlabs.





















