
Entre os benefícios do investimento em aplicativos de celular está a oportunidade de estar com o usuário 24 horas por dia, sete dias por semana, segundo Jessé Rodrigues, diretor e professor da Escola de Marketing Digital. “Ou seja, acompanhá-lo sempre em qualquer lugar. É uma forma de oferecer um serviço ou conteúdo no tempo e local do usuário”, explica. Além disso, Rodrigues acrescenta que é a oportunidade de expandir os canais de comunicação, vendas e relacionamento. Na visão do professor, o uso de aplicativos impulsiona a interação do cliente com as marcas, principalmente se o serviço for pensado para facilitar o dia a dia do usuário no consumo de produtos, serviços, conteúdo ou mesmo para desempenhar atividades rotineiras. “Aplicativos que oferecem serviços de valor agregado são mais acessados e têm maior preferência por parte dos usuários”, afirma.
Mas, não basta que a empresa invista em desenvolvimento de apps e tenha milhões de download. O desafio, segundo Kanashiro, é engajar o consumidor nessa plataforma, fazendo com que ele seja um usuário frequente do aplicativo. “Vejo muitas empresas comemorarem e mensurarem o sucesso de seus aplicativos pelo download realizado, mas isso não significa que o seu cliente está utilizando. Sabemos que mais de 80% dos aplicativos baixados são esquecidos pelos usuários”, explica. Para ter destaque entre o gosto dos consumidores, é preciso que as empresas tenham estratégias bem traçadas para que não seja apenas mais um aplicativo em meio a tantos, segundo explica Vitor Elman, sócio e diretor de engajamento da agência Cappuccino. “Sem um plano de mídia para gerar visibilidade, um aplicativo cai no meio de milhões de outros e acaba sumindo. Além disso, deve ser integrado com todos os pontos de contato da marca. É preciso que toda a comunicação esteja em sinergia”, declara.
EXPERIÊNCIA MOBILE
Para acompanhar a tendência e melhorar a interação do cliente, a Nivea, por exemplo, decidiu renovar o aplicativo Nivea Sun, criado em sua primeira versão em 2010. “Por conta desse nosso engajamento com o consumidor e do sucesso desse tipo de plataforma tecnológica, que é sinônimo de serviço qualificado, apostamos em renovar o aplicativo”, conta Tatiana Ponce, diretora de marketing e trade da BDF Nivea Brasil. Desenvolvido pela Agência AgênciaClick Isobar, o app conta agora com funções que permitem que o usuário programe o melhor horário para despertar tendo como referência a previsão do tempo. Se o dia estiver ensolarado, por exemplo, o app aciona o despertador, mas caso as condições climáticas sejam desfavoráveis – céu nublado, chuva etc – o serviço poupa o usuário de acordar desnecessariamente, segundo Tatiana.
Outro exemplo de app que auxilia a vida do cliente é o GlicoCare, app da Bayer, criado para auxiliar pacientes no controle de diabetes. O objetivo da empresa é informar as pessoas sobre a doença e, ainda, oferecer suporte para o controle de glicemia. “Somos de fato preocupados com a saúde e bem-estar de nossos pacientes, por isso, soluções como o GlicoCare vão de encontro ao nosso maior ganho, que é nossa missão de usar a ciência para uma vida melhor”, declara Patrícia Gaillard, gerente de marketing da Bayer. Segundo ela, pacientes podem usar o aplicativo para manter o controle da doença em sua rotina e auxiliar com informações ao usuário. “Seu principal atributo se relaciona aos benefícios proporcionados aos consumidores que baixam a ferramenta para apoiar seu tratamento”, afirma.
Acompanhando essa tendência, as instituições financeiras também investiram em apps. Segundo Ricardo Guerra, diretor de canais de atendimento do Itaú Unibanco, o número de transações bancárias pelo celular no Brasil cresceu 788% nos últimos anos. Pensando nisso eles criaram o mobile banking para facilitar as operações. “O cliente vem mudando, ele aproveita cada vez mais a conveniência do celular para checar o saldo com mais frequência, por exemplo, o que implica na criação de uma experiência digital que seja não somente fácil, mas também prazerosa. Ou seja, abrindo espaço para simulações, gestão financeira e outras ‘interações ricas’ no canal. Por si só, o celular é uma poderosa ferramenta de fidelização”, afirma.
SÓ O COMEÇO
A economia de aplicativos móveis vai dobrar de US$ 72 bilhões em 2013 para US$ 151 bilhões em 2017, segundo pesquisa da Appnation. “Em 2015, o acesso a internet no celular deve ultrapassar o acesso tradicional. Atualmente temos uma oferta de smartphones em diferentes faixas de preço, é possível comprar smartphones por R$ 399,00, a desoneração fiscal aplicada aos smartphones e muitas outras variáveis”, afirma Kanashiro. Somando tudo isso, as empresas estão de olho para acompanhar a tendência.
Além disso, segundo o diretor do Itaú Unibanco, a estimativa é que o smartphone seja um dos principais canais de relacionamento do cliente. “Com maior poder de processamento, telas de +4″ e a melhoria da rede de dados no Brasil, veremos uma explosão de novos serviços que trarão ainda mais conveniência e também uma interação rica com simulações utilizando infográficos e a contratação de produtos, considerados hoje complexos para o canal, acontecendo com facilidade”, conclui.