Enquanto o WhatsApp resolve a ponta do relacionamento, o Pix soluciona a da transação com uma eficiência sem precedentes
Autor: Luis Lourenço
A Black Friday deixou de ser apenas uma data de descontos agressivos para se tornar um termômetro da evolução do comportamento do consumidor e da maturidade digital do varejo. Em 2024, e com projeções ainda mais fortes para 2025, dois protagonistas se consolidaram como a dupla de ouro para quem busca não apenas vender, mas também construir relacionamento e otimizar a rentabilidade: o WhatsApp e o Pix.
Se antes a jornada de compra era predominantemente unilateral, com o cliente navegando sozinho por um site, hoje ela se tornou um diálogo. E o palco principal dessa conversa é o WhatsApp. Segundo o Panorama de Marketing e Vendas 2025, da RD Station, o aplicativo já é utilizado por 72% das empresas, o que representa um crescimento de sete pontos percentuais em relação a 2024, para diversas finalidades, como atendimento comercial e fechamento de vendas (67%), nutrição de leads e envio de ofertas (52%) e captação de leads via botões ou anúncios pagos (37%).
O canal foi apontado como o mais eficaz no contato inicial com leads, superando telefone e e-mail, o que comprova seu papel estratégico no funil de vendas. Apesar disso, desafios persistem, como o alto esforço manual das operações e a dificuldade de mensurar resultados de forma precisa.
O motivo de tamanha adesão é simples: o WhatsApp transforma a transação em uma interação humana, permitindo tirar dúvidas, negociar e, principalmente, criar um laço de confiança que um checkout tradicional raramente consegue. Na Black Friday, onde a concorrência é acirrada e a decisão de compra é rápida, essa confiança é um diferencial competitivo imenso. O WhatsApp se tornou o “caixa rápido” do varejo brasileiro, um verdadeiro balcão de atendimento digital.
Se o WhatsApp resolve a ponta do relacionamento, o Pix soluciona a da transação com uma eficiência sem precedentes. Dados do Banco Central e de consultorias como a Ebanx, mostram que o sistema de pagamento instantâneo vem batendo recordes a cada evento de vendas, com 2024 tendo sido histórico.
Na última Black Friday, o Pix registrou mais de 224 milhões de transações em um único dia, movimentando R$ 119,6 bilhões, segundo o Banco Central — o maior volume diário desde o lançamento do sistema, em 2020. O número representa mais que o dobro das operações registradas na Black Friday de 2023, de acordo com a Reuters.
O crescimento expressivo confirma uma tendência que deve se consolidar em 2025: o Pix deve ultrapassar o cartão de crédito como principal meio de pagamento do e-commerce brasileiro, segundo análise da Ebanx. O avanço é impulsionado tanto pela penetração quase universal do sistema, mais de 160 milhões de usuários, quanto pela preferência dos consumidores por meios de pagamento rápidos e sem custo adicional.
Para o consumidor, a vantagem é a agilidade e a segurança. Para o varejista, os benefícios são ainda maiores: liquidez imediata, crucial para o fluxo de caixa em um período de alto volume, e taxas de transação significativamente menores que as do cartão de crédito, o que protege a margem de lucro, tão pressionada pelos descontos.
A verdadeira mágica, no entanto, acontece quando a dupla atua em conjunto. A jornada ideal do consumidor moderno começa com uma oferta, evolui para uma conversa personalizada no WhatsApp e termina com um link de pagamento Pix enviado diretamente no chat. É a união do comércio conversacional com o pagamento instantâneo. Essa sinergia elimina atritos, reduz drasticamente as taxas de abandono de carrinho e eleva a experiência do cliente a um novo patamar. Um levantamento feito na base de clientes da RD Station observou picos de 4x em WhatsApp e quase 2,5x em geração de leads — sinais claros de que o varejo brasileiro está profissionalizando a orquestração de canais. Para 2025, a expectativa é que combinação Pix + WhatsApp + automações deve encurtar o ciclo de payback e ampliar o LTV (Life Time Value) no pós-BF.
Olhando para o futuro, a tendência é que essa dupla se fortaleça ainda mais com a chegada de funcionalidades como o Pix Parcelado, que promete destravar vendas de ticket médio mais alto. A Black Friday de sucesso não é mais sobre quem grita o maior desconto, mas sobre quem conversa melhor e facilita o pagamento. E, nesse quesito, o par WhatsApp e Pix já provou ser campeão.
Luis Lourenço é diretor de novos negócios da RD Station, unidade de negócio da Totvs.