Ricardo Longa, CEO da voa.delivery

Quando vender menos pode ser estratégico?

Ao priorizar qualidade em vez de volume, os negócios conseguem organizar melhor sua logística, treinar equipes, garantir que cada pedido chegue dentro do prazo e com o padrão esperado

Autor: Ricardo Longa

No setor de foodservice, a lógica parece simples: quanto mais pedidos, melhor. Restaurantes, bares e lanchonetes buscam crescer em volume, atender o máximo possível de clientes e aumentar seu faturamento diariamente. Mas a experiência mostra que essa visão pode ser enganosa. Vender mais, sem o devido preparo, pode ser um atalho para comprometer a operação e a experiência do cliente.

Quem trabalha com delivery sabe disso na prática. Uma enxurrada de pedidos em pouco tempo pode sobrecarregar a cozinha, gerar atrasos, aumentar erros no preparo e, em muitos casos, levar a cancelamentos. O que parecia um pico de vendas positivo acaba se tornando uma fonte de frustração — tanto para o consumidor, que não recebe bem o que pediu, quanto para o restaurante, que perde margem e reputação.

É aí que entra a importância de pensar diferente: em alguns momentos, vender menos pode ser estratégico. Ao priorizar qualidade em vez de volume, os negócios conseguem organizar melhor sua logística, treinar equipes, garantir que cada pedido chegue dentro do prazo e com o padrão esperado. Isso significa transformar cada entrega em uma oportunidade de fidelizar, em vez de apenas escoar pedidos sem consistência.

Tenho visto muitos restaurantes adotarem esse raciocínio: limitar pedidos em determinados horários, reduzir o cardápio para momentos de maior fluxo ou até desligar temporariamente o delivery quando a operação atinge o limite. A decisão pode parecer contra intuitiva, mas ela protege a marca e fortalece o relacionamento com o cliente no longo prazo. Afinal, quem recebe bem hoje tende a voltar amanhã.

O desafio do setor de foodservice não é apenas vender mais, mas vender com inteligência. A busca por escala precisa vir acompanhada de consistência, previsibilidade e foco na experiência do cliente. Porque, no fim das contas, crescimento sustentável é aquele que não abre mão da qualidade. E, muitas vezes, isso significa saber vender menos.

Ricardo Longa é CEO da voa.delivery.

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