Os casos mais emblemáticos de recall vêm da indústria automobilística. Vide o exemplo da Toyota que chegou à ameaça de problemas financeiros pelos consequentes recall de produtos. Apesar da perda de credibilidade, ele é inevitável. No entanto, a montadora japonesa não chegou a perder a liderança do mercado mundial. Dados levantados pelo Procon, a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, revelam que em 2009 foram feitas cerca de 40 convocações de veículos – só no Brasil. O portal Estradas divulgou que, entre janeiro e 15 de junho deste anos, 1.038.5578 proprietários de veículos foram convocados, uma das maiores taxas desde 1991, ano em que se começou a coletar dados. A lista que inclui carros, motos, caminhonetes e scooters é bem extensa: Toyota, General Motors, Citröen, Volvo, Ford, Peugeot, Land Rover, Fiat, Suzuki, Nissan, Volswagen, Honda, Audi, BMW, Ferrari e Mitsubishi. Apesar do número de recalls ter aumentado nos últimos tempos, uma pesquisa feita pela GfK, mostra que entre 1000 entrevistados, apenas 38% recordavam de algum recall de automóveis.Embora o setor automotivo seja tradicionalmente o principal a realizar recalls, empresas de outros segmentos também optaram por reparar alguns produtos. Foi o caso da Stihl, fabricante de ferramentas motorizadas, que convocou um recall para a lâmina duas pontas para roçadeiras que poderia, em condições extremas ou inadequadas, romper-se – e causar acidentes. Na área alimentícia, a Yoki convocou o recall do produto Lanchinho Yokitos 135g, por apresentar erro na embalagem ao afirmar que o produto não apresentava glúten. O Walmart Brasil também convocou o recall de alguns modelos de carrinhos para bebês da fabricante Graco, pois a dobradiça da capota poderia machucar a ponta dos dedos das crianças.
Claro que erros não são desejáveis, mas podem acontecer. Por isso muitas empresas estão investindo mais, tanto em precaução e controle de qualidade, quanto em apoio aos clientes após o recall. Algumas marcas que passaram por recall revelaram quais são os procedimentos que realizam em situações como essa.
“A empresa cumpre à risca a legislação de cada país em casos de recall”, justifica Júlio Fiorin, diretor de peças e serviços da Mitsubishi Motors. Em 2010, a montadora anunciou o recall dos Pajero TR4 e L200 Triton. O executivo conta que para cada cliente proprietário foi enviada uma mala-direta personalizada, além da publicação do comunicado em jornais, sites e televisão, e disponibilização de informações no site da empresa, onde é possível fazer consultas a partir do chassi. “Veicular as informações de forma clara na mídia, fazendo com que todos tenham acesso, é a forma encontrada pela empresa de mostrar a transparência com que atua”, afirma Fiorin. Como uma estratégia de entender os interesses dos clientes, assim como manter saudável o relacionamento eles e a empresa, o programa MIT for You foi desenvolvido, no qual ações são elaboradas constantemente para reunir os consumidores, a exemplo do programa de rally, há 15 anos existente.
O recall da Land Rover no Brasil envolve uma quantidade pequena de veículos. “Veiculamos anúncios publicitários em mídias de grande circulação”, explica Alexandre Oliveira, do departamento de Product & Homologation Affairs. Os clientes são contatados tanto pelo Serviço de Atendimento ao Cliente quanto pelas concessionárias da marca, que oferecem maiores esclarecimentos acerca dos veículos convocados para recall e agendam o atendimento. Oliveira explica que após a convocação de um recall, a empresa vê a oportunidade de aprimorar o relacionamento com os clientes, com estratégias direcionadas em CRM. “Toda e qualquer comunicação com o cliente é uma ferramenta de obter o seu ponto de vista e usá-lo para melhorar os processos de atendimento”, enfatiza Oliveira.
O recall da Ferrari 355, fabricada entre 1995 e 1999, foi realizado em 2010. Como o número de proprietários no Brasil é pequeno, o trabalho com os clientes se dá a partir de contato telefônico, e-mail, correspondência personalizada com aviso de recebimento e agendamento programado. Além disso, há a veiculação de informativos na mídia impressa, em rádio, televisão e por meio da assessoria de imprensa. Os riscos de interferência negativa na imagem institucional da empresa são mínimos, pois os veículos são muito exclusivos, a linha de produção é pequena e fabricação é praticamente artesanal, garante a gerente de marketing e comunicação do Grupo Via Itália, Viviane Polzim. “No Brasil, devido ao pouco volume de proprietários, todos foram localizados e avisados, sendo que cerca de 90% dos casos já foram atendidos”, informa. Ela conta que o Atendimento ao Cliente e o Serviço de Assistência Técnica, com técnicos especializados, são os canais especializados para atender os clientes.
A Fiat realizou o recall do modelo FIAT Stilo, sem ABS, fabricado de 2004 a 2010. O diretor de qualidade América Latina da Fiat, Windson Vieira Paz, conta que após a identificação de um possível risco ao cliente, a
empresa realiza o levantamento dos produtos vendidos e convoca os proprietários a comparecer às concessionárias, cujos atendentes são preparados para esclarecer qualquer dúvida relacionada ao recall.
empresa realiza o levantamento dos produtos vendidos e convoca os proprietários a comparecer às concessionárias, cujos atendentes são preparados para esclarecer qualquer dúvida relacionada ao recall.Paz detalha que além da Fiat possuir uma estrutura de atendimento, com uma central de relacionamento com o cliente via telefone, a estrutura recebe um reforço para situações de recall. O treinamento é preparado para que os funcionários saibam divulgar, informar e esclarecer todas as dúvidas dos clientes, aumentando a qualidade de atendimento. “Acreditamos que a preparação no recall é uma demonstração de respeito ao consumidor”, declara Paz.
Com um diferencial em caso de recall, a Audi faz o informe publicitário também em redes sociais, além dos tradicionais meios de veiculação. “Os clientes contam com diversos canais de comunicação, como internet, SAC, telefone e redes sociais”, afirma o diretor de marketing, vendas e pós-vendas da Audi Brasil, Leandro Radomile. Ele conta que por meio de encontros, teste de direção de novos modelos lançados, ações virtuais e promoções exclusivas, a empresa objetiva manter uma aproximação com o cliente, fator que favorece o relacionamento em casos de recall. “Quando é necessário fazer uma correção, nós nos empenhamos em realizá-la de forma rápida, eficiente e geradora de menor impacto ao consumidor”, garante.










