Ultrapassar as barreiras dos riscos, colocando em prática ideias que muitas vezes não saem do papel. Este espírito de inovação se perpetua entre as empresas que trilham caminhos para fora da crise. “Apesar de não existir uma fórmula para a inovação, uma ideia inovadora é facilmente reconhecida pelo impacto positivo que gera nas pessoas. É uma mescla de susto e entusiasmo”, explica Darrell Mann, diretor da IFR Software Systems SDN BHD, ao lembrar o burburinho causado pelo iPhone, considerado por ele sinônimo de inovação. Embora, normalmente apareça relacionada aos feitos tecnológicos, a inovação vai muito além, ressalta Wim Vanhaverbeke, professor de organização e estratégia na Hasselt University (Bélgica) e na Eindhoven University of Technology (Holanda). Partindo do conceito de inovação aberta, ele comenta que as próprias empresas concorrentes podem se tornar fonte de inspiração, desde que o conhecimento sobre elas seja absorvido e usado como base para a criação de projetos. “A inovação é um dos fatores que impulsionam a competitividade”, ressalta.
Além do conceito de inovação aberta, as empresas também podem contar com a teoria de inovação sistêmica, que consiste na criação de soluções para controlar os riscos das decisões tomadas. De acordo com Mann, na maioria dos casos o problema não está nos produtos ou serviços, mas em encontrar as contradições nas ações e resolvê-las, ao invés de simplesmente abandonar os projetos, como costuma acontecer. “Se você está parado, o cliente não está. As expectativas estão sempre crescendo”, alerta, ao apresentar conceitos de inovação no Innovation Conference 2009, realizado pela Altran, consultoria em tecnologia e inovação.
BERÇO DA INOVAÇÃO – O ambiente interno das empresas também pode ser propício para grandes ideias. De acordo com Vanhaverbeke, muitas mudanças são geradas nessa esfera, apesar de poucas chegarem ao mercado, por falta de credibilidade. “As empresas não estão fazendo pesquisas internas, elas precisam apostar mais e lembrar que a criatividade individual do funcionário determina o sucesso de toda a companhia. É preciso mudar os conceitos de valoração dos projetos”, pondera.
E para quem pensa que o dinheiro é motor da inovação, se engana. Segundo Mann, às vezes, ter dinheiro atrapalha. “No Reino Unido, as pesquisas acadêmicas geralmente têm um montante restrito de financiamento, exatamente para forçar a criatividade nas pessoas. Na verdade, a inovação precisa mais de criatividade do que capital, embora seja preciso ter dinheiro para transformar a criação em produto”, completa.
Assim como o capital não é fator determinante, também não existe um setor beneficiado ou prejudicado com a criação de projetos inovadores, nem um específico para a aplicação das teorias e conceitos inovativos. “Já me vi palestrando para setores de energia nuclear e, no dia seguinte, para uma empresa de carros. Às vezes, somos forçados a mudar, a inovar, justamente para vencer”, comenta Mann.