Durante a última apresentação que assisti do ministro Furlan, ele falou em uma possível e necessária taxa de crescimento de 5% para 2006, com investimentos de 25% do PIB. Uma análise, que, a meu ver, não se restringe apenas a uma meta governamental, mas sim a uma necessidade nacional, que vê por meio de seus empresários e sociedade o momento para avançarmos.
Uma tarefa nada fácil, pois as arestas que precisam ser aparadas batem em temas como a reforma tributária, que chega ao 18º ano de discussão sem grandes mudanças. Não pelo menos, para aqueles que enfrentam altas taxas e burocracia acirrada para fazer seu negócio, muitas vezes, médio ou pequeno, prosperar.
Aliás, esta devia ser a palavra de ordem em ano de eleição: prosperidade. É inviável, já que aqueles que ganham até dois salários mínimos têm até 48% de seus rendimentos gastos
E a questão tributária não é a única que emperra a roda brasileira de girar. As altas taxas de juros é outro ponto que precisa urgentemente ser revisto. Números divulgados pelo Banco Central no inicio deste ano mostram que puxados pela Selic (que passou da taxa média anual de 16,25% em 2004, para 19,05% em 2005), os juros nominais da dívida do setor público alcançaram R$ 157,1 bilhões no ano passado, cerca de 8,13% do PIB. Em 2004, o valor foi de R$ 128,3 bilhões, ou 7,26% do PIB.
Em resumo, o País deixou de investir no seu crescimento para manter a atual política de juros e, consequentemente, o controle da inflação. Esse processo afetou diretamente os investimentos em infra-estrutura, não amenizando os gargalos na logística e refletindo diretamente nos números do comércio exterior.
É lógico que comemoramos as melhoras e os avanços nessa área, uma das mais prósperas da nação, mas um país como o Brasil pode responder por muito mais que 1% do comércio internacional.
Segundo o relatório divulgado em fevereiro pelo Banco Mundial, Redução da Pobreza e Crescimento: Círculos Virtuoso e Vicioso, os países da América Latina precisam combater a pobreza de modo mais agressivo, se quiserem promover um maior crescimento e competir com a China e outras economias asiáticas.
Apesar de o crescimento ser um fator para a diminuição da pobreza, esta impede que sejam atingidas taxas de crescimento sustentáveis numa das regiões que ainda registra os maiores índices de desigualdades sociais.
Aumento na qualidade da educação, com expansão do ensino médio e universitário; mais uma vez investimento em infra-estrutura, com o objetivo de beneficiar regiões menos desenvolvidas; e acesso aos serviços públicos, como saúde, por exemplo, são algumas das estratégias que deveriam ser adotadas. Ou seja, o crescimento do Brasil, em especial, não pode ser apenas avaliado do prisma econômico, mas social e humano também.
E a China é um exemplo de que isso tudo pode dar certo. As taxas de crescimento per capita anuais da China se mantiveram próximas de 8,5% entre 1981 e 2000, reduzindo a pobreza em 42%. A hora é de arregaçar as mangas e estipularmos metas a médio e longo prazo. Antes os índices da inflação não permitiam, mas agora é possível. Sociedade, empresários e setor público devem se unir e caminhar. Esta é a hora!
José Zetune é