Depois do ERP, CRM, BI, telefonia IP, cloud computing, agora é a vez do Big Data. Apontada como principal tendência pelos especialistas em TI, o conceito ainda é pouco utilizado pelo mercado, porém a expectativa é de que em pouco tempo seja o foco dosinvestimentos, já que o volume de dados espalhadas nos diferentes canais não para de crescer. “O Big Data se trata de um conceito, que ganha cada vez mais relevância à medida que a sociedade se depara com um aumento sem precedentes no número de informações geradas a cada dia. A capacidade de lidar com ele está definindo novos padrões de gestão dos negócios”, explica Kátia Vaskys, diretora de SmarterAnalytics da IBM Brasil.
O conceito muda os padrões das relações de trabalho na sociedade, aposta Kátia. “Antes as informação eram controladas e representava apenas um registro do passado, que não fornecia muitas ideias para o futuro. Os computadores mudaram isso, e os dados começaram a ter valor, marcando o início da sociedade da informação. Agora, estamos diante de outra mudança importante. Em vez de seres humanos coletando todas estas informações, estamos prestes a entrar em uma era onde tudo ao nosso redor será configurado para coletar informações. Este gigantesco fluxo de dados promoverá novas formas de pensar sobre o mundo. Redes analíticas inteligentes irão mudar nossas expectativas sobre as empresas com as quais fazemos negócios e as pessoas para quem trabalhamos”, diz.
É nessa capacidade que o Big Datapode ajudar as empresas, segundo Alexandre Paiva, diretor de canais e alianças da Nice. Com a explosão no volume de dados, o desafio passa a serutilizá-los a favor para a entrega de uma experiência de valor aos clientes, perante a forte competitividade do mercado. E o Big Data tem impulsionado a criação de tecnologias capazes de extrair o valor máximo dessa quantidade enorme de informações, a partir das interações dos clientes em qualquer canal de comunicação. “Pode-se dizer que até hoje as empresas acumulavam uma quantidade imensa de dados pouco utilizada devido à falta de ferramentas. Com as tecnologias de análise para Big Data já é possível transformar os dados em algo de valor para o negócio”, aponta Paiva.
Pode-se, inclusive, dizer que o Big Data é o grande desafio que as empresas enfrentam atualmente, na visão deFábio Elias, diretor de Arquitetura de Soluções de Tecnologia da Oracle do Brasil. “O Big Data é um conceito amplo relacionado ao grande volume de dados gerados diariamente por empresas, seja na forma estruturada nos sistemas tradicionais de gestão empresarial e de relacionamentos com os clientes, ou não estruturada, provenientes, por exemplo, das redes sociais, dispositivos móveis. Este volume gigantesco de informações estruturadas e não estruturadas exige tecnologias especificas para o armazenamento, gestão e análise dos dados”, aponta.
Essas novas tecnologias para Big Data estão relacionadas à possibilidade de se executar atividades que antes se imaginava impossíveis, desde simples processos computacionais e relatórios complexos, até permitir a tomada de decisão baseada em fatos, utilizando inteligência analítica, segundo Gustavo Tamaki, gerente de vendas da Greenplum Brasil, divisão da EMC especializada em análise de dados. “Pode ser utilizado para dar mais poder ao CRM, por exemplo, permitindo às empresas conhecerem melhor seus clientes, provendo atendimento mais personalizado, endereçando melhor suas necessidades e oferecendo produtos que fazem sentido para eles”, revela. A gerente de produtos de customerintelligence do SAS, Fernanda Benhami, completa afirmando que o Big Data vêm para agilizar as análises de preferências dos consumidores. “Com o uso de soluções que analisam montanhas de dados em segundos, os clientes se beneficiam por poder interagir com os clientes em tempo real, seja na oferta de novas soluções, na análise de campanhas de marketing ou na abordagem multicanal”, aponta.
DESAFIOS
Porém, na visão do especialista Leonardo Vieiralves Azevedo, há o problema de estabelecer, de forma automática, o relacionamento entre os dados e os clientes. “Como não estamos falando de um banco de dados como origem da informação, essas relações não são nem um pouco óbvias. Estabelecer essas relações manualmente é economicamente inviável. Essa parte segue sem solução”, comenta. Ele cita como exemplo uma empresa de telecomunicações da Espanha que utiliza Big Data para análise de “buzz on-line”, para entender como sua marca e seus produtos são afetados pelas opiniões. “No entanto, as opiniões não são associadas aos clientes, mas analisadas como um conjunto de vozes do público em geral”, esclarece.
Outro desafio é que não dá para saber de antemão qual informação está escondida no Big Data nem qual a melhor maneira de extraí-la, segundo Américo de Paula, diretor de consultoria de indústria da Teradata para América Latina. “Isso é parte do processo de descobrimento das informações relevantes dentro do universo de dados”, comenta. Mesmo assim, Américo reforça que o Big Data ajuda a elevar a experiência do cliente, não só no momento da compra, mas também para antecipar possíveis problemas sobre produtos e serviços ofertados, evitando que a imagem da empresa esteja sob risco, com impactos como reclamações em órgãos de defesa do consumidor ou mesmo através das redes sociais. “O sucesso das iniciativas de Big Data não está apenas no armazenamento deste grande volume de dados ou na velocidade de processamento, mas sim na visão estratégica obtida, que pode ser utilizada para gerar inteligência de negócios, o que traz enormes vantagens competitivas”, completa Fábio Elias, da Oracle do Brasil.