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Quem tem medo do Facebook?



31 de maio passado foi o “quit facebook day”, dia de abandonar o popular site de relacionamentos. A “efeméride” foi criada por um grupo de usuários indignados com o que denominaram “falta de respeito com nossos dados”. Especialmente, acrescentam, no contexto do futuro. Mais detalhes sobre o movimento especificamente estão em www.quitfcebookday.com.

Dependendo de como se olhe, o movimento não obteve um grande sucesso: apenas 0,09% dos usuários da rede comprometeram-se em sair dela – 36.476 sobre aproximadamente 400 milhões de usuários. Mas o próprio FB manifestou preocupação e prometeu alterações no sistema para breve. “Erramos o alvo”, declarou Mark Zuckenberg, o fundador do Facebook, com todas as letras. E, em artigo publicado no Washington Post (http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2010/05/23/AR2010052303828.html), prometeu “continuar escutando”.

A questão da privacidade é certamente o nó górdio a desafiar o crescimento da web nos próximos anos. Por um lado, parecia que o mundo de negócios havia descoberto a fonte da eficiência eterna: ferramentas cada vez mais sofisticadas e invisíveis vasculhavam a Internet em busca de dados pessoais – e as redes sociais estão repletas disso -, cruzavam esses dados com informações de comportamento e – voilá! – era só sair oferecendo “o produto certo, para a pessoa certa, no momento certo”. Ainda por cima, garantindo algo extremamente desejável: “o máximo de conveniência”.

O problema, como diria o Garrincha, foi que esqueceram de combinar com os russos. Mais e mais, pessoas e grupos em todo o mundo reagem com indignação à possibilidade de terem suas vidas rastreadas e seus dados compartilhados com sabe-se lá quem. O movimento anti-Facebook talvez tenha exagerado, a rede está em franco crescimento, tem fortes elementos de envolvimento, seria difícil conseguir um número expressivo de “quitters”. Mesmo assim, conseguiu forçar uma revisão de algumas configurações da rede.

Uma reação, digamos, mais inteligente ou mais estruturada poderia fazer muito mais danos.

O Google, por exemplo, está sentindo isso na pele. O gigante foi obrigado a entregar os dados que seu sistema “Street View” está recolhendo na Alemanha, Espanha e França a órgãos indicados pelos governos daqueles países, como forma de proteger a privacidade de seus cidadãos. E uma ferramenta de captura de informações, a Phorm, que estaria sendo testada pela Oi para rastrear a navegação dos usuários de Internet, foi proibido nos Estados Unidos e no Canadá.

Tem que haver uma saída, sem dúvida. Mas ela passa por uma longa negociação envolvendo empresas de tecnologia, provedores de Internet e os próprios cidadãos, usuários da web e potenciais vítimas dos abusos. Em outra ocasião, eu falei aqui do Liberty Alliance Project, que atualmente foi incorporado ao Kantara Initiative (http://kantarainitiative.org/), uma coalizão de fundações e associações que trabalha com o objetivo de desenvolver uma solução de identidade digital que, ao mesmo tempo, assegure transações online digitais seguras e evitem o mau uso das informações pessoais.

O Kantara parece-me ser uma iniciativa a ser acompanhada com atenção. Talvez seja a solução. Ou uma delas. O que não podemos, seja de qual lado do balcão estejamos, é esperar sentados uma saída cair do céu. Porque ela pode muito bem cair com força na sua cabeça.

Até a próxima.

Fernando Guimarães é especialista em marketing de relacionamento e programas de fidelidade. Entre em contato através do e-mail: [email protected].

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