Este é um momento complexo no ambiente de negócios e na sociedade. Fenômenos econômicos e sociais, de alcance mundial, estão reestruturando continuamente esse universo. A globalização da economia, alavancada pela tecnologia da informação e da comunicação, é uma realidade inescapável.
Não é de hoje que o conhecimento figura como algo muito importante em nossa história. O que muda é o peso com que está sendo classificado em termos de condição básica para a competitividade pessoal e empresarial.
Sua aquisição e aplicação sempre representaram um verdadeiro estímulo para as conquistas de inúmeras civilizações. O advento de meios de comunicação mais sofisticados e integrados facilitou o acesso e a troca de mensagens. Hoje, essa realidade é muito mais acentuada e presente, a ponto de Universidades tão tradicionais como Harvard e Oxford emitirem diplomas via Internet.
É nesse contexto que o conhecimento, ou melhor, a sua gestão (Knowledge Management) se transforma em um valioso recurso estratégico para a vida das pessoas e das empresas.
Embora o conhecimento, por si mesmo, resulte de um conjunto de etapas seqüenciais e experimentais, saber muito sobre alguma coisa não representa o único artifício capaz de proporcionar maior competitividade a uma empresa ou pessoa, mas, quando aliado à sua gestão, sim.
Estudos realizados comprovam como empresas que, de alguma forma, sempre valorizaram este elemento apresentam historicamente desempenho muito mais significativo em relação às demais organizações.
Uma outra constatação: muitas dessas organizações promovem inovações que nem sempre estão relacionadas a produtos ou processos, mas a decisões tomadas com base no conhecimento acumulado.
Business Intelligence é, por sua vez, o processo de se capturar, tratar, armazenar e disponibilizar dados e informações de maneira estruturada para a tomada de decisões. Business Intelligence é, portanto, um componente estrutural do complexo/conceito de Knowledge Management, assim como o são a Inteligência Competitiva, o CRM Analítico, o E-Learning, etc.
A criação e a implementação de processos que gerem, armazenem, gerenciem e dispersem o ciclo de informações (quando organizadas, modeláveis, escaláveis e reutilizáveis conhecimento) representam o mais novo desafio a ser enfrentado pelas empresas.
Termos como capital intelectual, capital humano, capacidade inovadora, ativos intangíveis ou inteligência empresarial/competitiva já fazem parte do dia-a-dia dos empresários e das pautas de jornais e revistas especializadas em Administração Empresarial, além de passarem a ser entendidos contabilmente como ativo (valor). Em função de todos estes fatores, a gestão do conhecimento começa a ganhar a devida atenção das companhias nas discussões sobre diretrizes estratégicas a serem adotadas.
Novas formas de organização estão surgindo. As organizações são criadas para executar estratégias de negócio. Diferentes estratégias têm levado a diferentes tipos de organização. A necessidade de uma organização ter capacidade de se reconfigurar em resposta ao mercado advém do declínio da sustentabilidade de sua vantagem competitiva fixada em modelos existentes. Quando as vantagens não duram muito, também não duram as organizações que as exercem.
Tradicionalmente, para competir, as empresas desenvolviam esforços de planejamento e orçamento, desenvolvimento de novos produtos e serviços, criação de sistemas de informação, sistemas de seleção, acompanhamento, treinamento e compensação de recursos humanos, todos projetados e alinhados entre si e com a estratégia e estrutura da empresa.
Hoje, esse modelo não funciona tão bem porque as fórmulas de sucesso não são perenes em mercados mutantes. As vantagens competitivas em torno das quais a empresa sistematicamente projeta sua atuação correm o risco de serem rapidamente copiadas e superadas. O papel do Business Intelligence neste cenário é o de servir como sistemática recorrente e confiável de fornecimento de informações para a tomada de decisão por quem de direito.
Business Intelligence, em essência, não é nem de longe uma atividade nova nas organizações. Desde que empresas são empresas os empreendedores e executivos sentem necessidade de ter acesso a informações estruturadas para a tomada de decisão com o menor risco possível. O problema é que antes da globalização da informação, proporcionada pelas novas tecnologias, Internet e outros fenômenos de ordem sócio-econômica, a informação não circulava livre e rapidamente entre os agentes econômicos.
Ademais, também não havia, internamente, capacidade de se captar informações confiáveis e estruturadas a partir das rotinas e processos organizacionais, até porque não havia tecnologia para tal. Ou seja, com a recente digitalização dos processos corporativos (representada pelos ERPs, SCMs, EDIs, CRMs, etc), fica evidentemente mais factível se capturar essas informações e tratá-las de maneira a torná-las úteis. E isso vai aumentar cada vez mais.
O problema, daqui para frente, será de outra natureza: se antes a escassez de informações gerava a incapacidade de se tomar decisões confiáveis rapidamente (que valorizava o instinto, o feeling do decisor), o que as tornava vantagens competitivas potenciais para quem as tivesse com antecedência, agora é o excesso e a velocidade de circulação de informações que prejudica o processo de tomada de decisão por parte dos profissionais. Isso quer dizer que sua abundância reduz seu valor, seu potencial de ser vantagem competitiva.
Se antes quem tinha primeiro a informação desfrutava de seus benefícios, agora é quem tem a informação mais filtrada, mais correta, mais qualificada que extrai seu valor.
E o Business Intelligence tem a obrigação, dentro de um cenário de Inteligência Competitiva, de gerar essas informações qualificadas, categorizadas, prontas para uso – combinação, beneficiamento, disponibilização etc.
Neste momento, é o conhecimento que a organização detém, juntamente com sua capacidade de aprendizado coletivo e flexibilidade de adaptação, que permite à organização uma remodelagem adequada ao ambiente atual, onde a mudança é algo permanente.
Uma informação interessante é que, em média, 90% do conhecimento necessário para manter uma organização competitiva no mercado e melhorar significativamente seu desempenho já se encontra dentro da própria empresa – o que reforça a idéia de que o caminho crítico não é a geração do conhecimento, mas sim a sua gestão.
Uma organização aprende à medida que os seus integrantes aprendem e tornam os seus conhecimentos disponíveis e compartilháveis. Se informação é poder, então é imprescindível estimular as pessoas a compartilharem os seus conhecimentos. Com a competição tão incentivada nos dias de hoje, as pessoas não compartilham o conhecimento de forma natural, até pelo próprio receio de perderem seus cargos e posições.
Como não poderia deixar de ser, a Tecnologia da Informação já contribuiu significativamente para os processos de gestão do conhecimento e Business Intelligence. Assim, o passo inicial deve ser a estruturação do conhecimento existente, de modo que este se torne organizadamente acessível para toda empresa e possa ser utilizado nos momentos necessários.
É importante para a companhia que deseja administrar seu banco de informações e conhecimentos, poder identificar as fontes existentes e disponíveis, classificadas em critérios de assunto, área, período, aplicabilidade e nível. Para implementar tal solução, torna-se imprescindível que o sistema de informação suporte esse modelo de gestão. Intranets, Portais Corporativos e Universidades Corporativas são, respectivamente, ferramentas e práticas fundamentais para o sucesso desse tipo de iniciativa.
Assim sendo, o desafio para a área de Tecnologia da Informação é identificar, encontrar e/ou desenvolver e implementar tecnologias e sistemas de informação que apóiem a comunicação empresarial e a troca de idéias e experiências, facilitando e incentivando as pessoas a se unirem, a tomarem parte em grupos e a se renovarem em redes informais de troca e captura de conhecimento.
A empresa precisa dar meios para que se formem comunidades criativas e ativas de trabalho, e não apenas para que as pessoas se comuniquem burocraticamente. Assim, o desafio para a área de tecnologia passa a ser migrar de uma posição de suporte a processos, para suporte a competências. É preciso sair do patamar do processamento de transações, da integração da logística, do workflow e do comércio eletrônico, e agregar um perfil de construção de formas de comunicação, de conversação e aprendizado on the job, de comunidades de trabalho e de estruturação e acesso às idéias e experiências.
Em suma, o papel a ser desempenhado pela Tecnologia da Informação nos processos de Knowledge Management e Business Intelligente passa a ter como co-responsabilidade ajudar a desenvolver o conhecimento coletivo e o aprendizado contínuo, tornando mais fácil para as pessoas que compõem a organização, o compartilhamento de problemas, perspectivas, idéias e soluções no seu dia-a-dia profissional.
Daniel Domeneghetti é sócio-diretor de Estratégia da E-Consulting e vice-presidente de Conhecimento e Métricas da Camara-e.net
Nossa bandeira
“De que maneira nós podemos concorrer pra grandeza da humanidade? É sendo franceses ou alemães? Não, porque isso já está na civilização. O nosso contingente tem que ser brasileiro. O dia em que nós formos inteiramente brasileiros, só brasileiros, a humanidade estará rica de mais uma raça, rica duma nova combinação de qualidades humanas.”
Resposta de Mário de Andrade a Drummond
– Estamos na Era do Conhecimento.
– Conhecimento será o principal ativo competitivo dos indivíduos, empresas e países.
– Se isso é verdade, o Brasil precisa se capacitar para competir globalmente dentro da lógica do conhecimento.
– Isso é: criar conhecimento próprio, saber exportar conhecimento próprio e saber adaptar conhecimento externo à nossa realidade.
Visão:
– Acreditamos que o Brasil tem obrigação de assumir liderança como player globalmente competitivo na Era do Conhecimento.
– Precisamos começar a assumir essa responsabilidade e esse desafio. Brasil, China, Rússia, México, Índia junto com as demais potências globais.
– Precisamos, antes de tudo, ter a grandeza de reconhecer e nos orgulharmos de nossos valores, independente do campo de conhecimento, atuação ou especialização.