À exceção das novelas de TV, cujas contratações de pessoas demandam – ao que tudo indica – quase apenas faces e corpos atraentes, nas demais atividades o que conta é o que você domina. Até mesmo na profissão de modelo/manequim, envolvendo fotos e passarela, além dos claros atributos estéticos, conta o domínio da postura, da graça, da técnica de desfile e do carisma perante as câmeras ou os olhares experimentados.
Estou falando das competências técnicas. E não é tão óbvio quanto parece. A maioria dos profissionais brasileiros acha que possui um bom currículo porque estudou na universidade “X”, ou porque trabalhou na multinacional “Y”, ou mesmo em face de sua versatilidade no domínio de línguas estrangeiras.
Sempre que converso com pessoas da alta diretoria das empresas – de todos os portes – e pergunto qual é a primeira coisa que esperam de um profissional, a resposta é sempre a mesma: competência técnica. Até mesmo os resultados alcançados por essa pessoa vêm em segundo plano. E em terceiro vem todo o resto. O idioma inglês – ou o espanhol -, por exemplo, só ganha relevância quando se torna uma das competências necessárias para o exercício do cargo.
Em última instância, todo cargo exercido numa organização é uma função técnica. Você só contribui para a empresa e alcança os resultados se tem domínio sobre os elementos técnicos de sua atividade. Pode ter certeza, aquela pessoa que assina as contratações – sempre alguém da alta diretoria (diretor, VP, presidente), está de olho na sua experiência profissional.
O último romântico – O que você domina (tecnicamente) na sua atividade? Você tem vivência profissional de mais de 3/5 anos em quê? Essas são as perguntas chaves que se deve fazer antes de se começar a elaboração de um currículo. Vale tanto para o torneiro mecânico quanto para o gerente financeiro. Seja para o motorista ou para o diretor de RH. Porque os responsáveis maiores pelos destinos da organização não têm tempo a perder. Querem ver estampado no currículo se você vai efetivamente ajudar ou não.
Mesmo não desprezando os demais itens do currículo, que formam na totalidade os contornos da sua figura profissional, faça da primeira página do seu CV um painel de competências. E a cada ano acrescente uma nova. Mais um aspecto no qual você se tornou um craque e pode ajudar, com isso, a aumentar os negócios do seu empregador.
Minha sugestão tem sido sempre a de se fazer uma reflexão rotineira (que tal uma vez por mês?) sobre quais são suas áreas práticas de domínio. Para os profissionais das chamadas áreas “técnicas” isso fica mais fácil. Um gerente de TI que tem domínio sobre plataformas Windows ou Linux, por exemplo. Mas e você? Quantas competências técnicas possui na sua área (seja ela qual for)? Quais acrescentou no ano passado?
Por isso, romanticamente ainda considero que o ensino deveria estar umbilicalmente ligado ao aprofundamento de habilidades técnicas. E não a diplomas que abrem portas como meros títulos honoríficos. Mas isso é sonho.
Claudir Franciatto é diretor da Franciatto Consulting, autor de 9 livros e parceiro exclusivo da KS Consulting e da Bolsa de Empregos (www.callcenter.inf.br)