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O primeiro livro do Dr. Drauzio Varella – “Estação Carandiru“, tem as tonalidades da experiência pessoal e não busca apenas denunciar um sistema prisional antiquado e desumano. Na verdade, ele expressa uma disposição para tratar com as pessoas caso a caso, mesmo em condições nada propícias à manifestação da individualidade.
Em 1989, o médico Drauzio Varella iniciou na detenção um trabalho voluntário de prevenção à AIDS. Entre os mais de 7200 presos, conheceu pessoas como Mário Cachorro, Roberto Carlos, Sem-Chance, seu Jeremias, Alfinete, Filósofo, Loreta e seu Luís. Não importava a pena a que tinham sido condenados, todos seguiam um rígido código penal não escrito, criado pela própria população carcerária e contrariá-lo poderia significar a morte.
Como médico, Drauzio Varella relatou seus dez anos de atendimento voluntário na Casa de Detenção de São Paulo, na época o maior presídio do Brasil, e buscou mostrar como um código penal não-escrito organizava o comportamento da população carcerária. O objetivo desta obra não foi apenas mostrar a historia do sistema prisional brasileiro, mas principalmente alertar sobre o vírus da aids e os perigos do uso de drogas.
Drauzio Varella é muito mais do que um médico ou escritor. A sua atitude em enfrentar desafios, o prazer no voluntariado e a sua persistência deve servir como um dos maiores exemplos brasileiros, para ser lembrado todos os dias do ano, hoje e sempre!
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