Estamos derretendo o cerebro dos nossos filhos

Por: Eric Lieb – Agosto 2015

Meus filhos são adolescentes hoje: 13 e 16 anos. A diversão deles tem sempre uma telinha de 4 a 7 polegadas na mão, mesmo que estejam na frente de uma televisão de 50 polegadas.

Quando eles eram pequenos, com 2 ou 3 anos, eles assistiam um pouco de televisão. Não muito, algo como 1 hora ou hora e meia por dia. Não existiam iPads ou tablets. Preferi que eles entrassem nesse mundo digitalizado muito depois.

Em uma recente viagem aos Estados Unidos, um amigo me mostrou seu filho de 3 anos que já tem seu próprio tablet, e como ele o manipula de forma natural. As aplicações são focadas para sua idade, multi-coloridas e repetitivas. Eles já começam a ser alfabetizados e a digitar em um teclado virtual. Sentamos para conversar sobre o que significa expor uma criança a um aparelho como esse, e seus desdobramentos.

Primeiramente, um pediatra me alertou que a Associação de Pediatria Norte-Americana não recomenda que crianças com menos de 2 anos sejam expostas as telinhas. Ao ficar “hipnotizado” pela tela, a criança não desenvolve atividades motoras tão rapidamente.

Um estudo recente mostrou que quando a alfabetização é feita no método tradicional, com lápis e papel (escrevendo), a facilidade de aprendizado da criança é maior que aquela que fez uso de telas e teclados virtuais, e no decorrer de sua vida acadêmica ela aprende mais fácil do que a criança digital. Por alguma razão as conexões no cérebro se tornam mais intensas com o trabalho manual da escrita. Outros pontos apontados pela mesma Associação mostram problemas de atenção, obesidade e comportamento agressivo nesse grupo que se expõem a tecnologia tão cedo.

Por outro lado, as observações foram todas fundamentadas na exposição do menor a uma tela passiva, como a Televisão. Quando falamos de equipamentos interativos, como um iPad, ainda não há estudos conclusivos (até porque essa é a primeira geração que está com um aparelho desses na fase tão inicial de suas vidas).

Quando penso que aquela criança deveria estar montando seu castelo de blocos ou rabiscando uma folha de papel, imediatamente associo que essa atividade faz com que a criatividade seja ressaltada, e que as conexões cerebrais (sinapses) se estão formando, imagino se esse mesmo processo estaria acontecendo no universo da telinha do smartphone ou do tablet.

Percebi que muitos pais estão levando esses aparelhos para servir de “babá eletrônica” de seus filhos, dando a paz que eles tanto desejam quando estão na presença de outros adultos em um local mais publico, como um restaurante. Mas na verdade observo famílias inteiras sentadas à mesa com as telinha ligadas. Games, vídeos, noticias, mensagens, etc, todos imersos em seus próprios mundos. Ninguém mais está interagindo. Fico pensando que há algo errado nesse momento tão especial em família.

Essa é uma das razões pelas quais estabeleci lá em casa a regra de que eletrônicos estão banidos das refeições. No início houve muita resistência, mas hoje podemos ter uma refeição em família, onde todos interagem e podemos ter uma conversa sadia, com troca de experiências.

Mas quanto tempo devemos expor nossos filhos a essas telas? Novamente a Associação de Pediatria orienta: para os muito pequenos, não mais de 1 hora por dia. Claro que uma chamada de Skype com a avó não conta, porque o proposito é totalmente diferente.

A partir da adolescência, temos que usar a regra do bom-senso e não permitir que esses (raros) momentos em família sejam perdidos para um aparelho eletrônico.

Façamos tudo em moderação!

Eric Lieb é consultor e evangelista de tecnologia. Apaixonado pela tecnologia de Internet e smartphones, atuou desde o início da internet no Brasil como profissional em empresas de tecnologia e como consultor, ministrando cursos sobre como as empresas devem encarar o fenômeno das redes sociais no atendimento a cliente. É Co-autor de livro sobre Atendimento nas Mídias Sociais.

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