Este ano a América Latina e, principalmente o Brasil, presenciará o “boom” de serviços de voz sobre IP (VoIP), segundo constatado pelo estudo que foi recentemente realizado pela Frost & Sullivan, empresa internacional de consultoria e inteligência de mercado. A análise indica que de 2005 até 2011, o número de linhas VoIP deve crescer anualmente cerca de 87,5%, fazendo com que o mercado de serviços de VoIP atinja US$ 1.1 bilhão até o final do período. O Brasil deve ser responsável pela maior base de usuários da tecnologia na região, ficando com 49% desse montante.
Essa conclusão baseia-se no fato de que é esperado que os fornecedores atuais da tecnologia invistam mais em redes e marketing, enquanto operadoras tradicionais, tais como a Intelig e a Entel, cuja decisão de adotar o VoIP tem sido adiada, devem lançar serviços de acesso VoIP. O objetivo dessas empresas é aumentar as participações no mercado de voz, acirrando assim a competição do mercado.
“Essa situação deve ocorrer porque devido ao sucesso previsto para a utilização do VoIP, espera-se uma queda significativa na receita das operadoras convencionais originadas dos serviços de chamadas a longa distância”, afirma Alex Zago, analista de pesquisa da Frost & Sullivan, completando que “em paralelo, as possíveis mudanças regulatórias e de preços, se acontecerem, também devem contribuir para uma adoção maior de serviços VoIP”.
Apesar do cenário otmista, as empresas fornecedoras de serviços de VoIP enfrentarão alguns desafios para conquistar o mercado. Durante o período indicado no estudo, a base limitada de assinantes de banda larga é considerada a principal barreira para a disseminação do acesso ao serviço. Além disso, o alto custo dos equipamentos de IP e a ausência de uma regulamentação clara podem intimidar os investidores e, conseqüentemente, atrapalhar o desenvolvimento do mercado de serviços de voz sobre IP.
Atualmente, a telefonia por meio dessa tecnologia ainda não possui uma regulamentação específica na região latino-americana. Ela varia significativamente de acordo com as agências regulatórias e as interpretações das leis de cada país. Em lugares como a Argentina e o Brasil, as regulamentações sobre esse tipo de serviços são relativamente abertas, ao contrário do México, Colômbia e Venezuela que são restritas. Apenas o Chile possui um sistema de leis totalmente aberto, tornando o país o maior em número de penetração de linhas VoIP. “De qualquer forma, mesmo com as diferenças entre os países, a longo prazo é possível perceber que os serviços de VoP não só impactarão o tráfego de chamadas de longa distância como também começarão a provocar mudanças no tráfego local de voz”, observa Zago.