Autor: Renato Leite
Parte 2*
E a resposta é: sim, é possível. A próxima onda no relacionamento com o cliente e atendimento será o contact center em tempo real. Mas o que seria isso? Hoje o atendimento já não ocorre em tempo real? Sim, é claro que o atendimento ocorre em tempo real, pelo menos para os canais de voz e chat. Contudo as ações que são executadas no atendimento não são em tempo real. Elas são determinadas por scripts pré-programados, que refletem processos engessados e treinamentos incompletos.
As possibilidades de ação por parte do operador são limitadas e muitas vezes eles conseguem apenas registrar as necessidades dos clientes para que sejam tratadas por outras equipes de backoffice.
O contact center em tempo real é a capacidade de gerenciar o atendimento a cada cliente, olhando ao mesmo tempo para as necessidades dos clientes e dos teleoperadores, bem como para as deficiências dos processos, treinamentos e sistemas. Isso se dá através de soluções tecnológicas avançadas que atuam em diferentes frentes para garantir a qualidade do processo, do atendimento e da informação prestada.
Nesse contexto, podem-se destacar soluções de orientação ao processo de atendimento em que o teleoperador recebe de forma dinâmica, conforme o tipo de cliente e solicitação, os procedimentos e as informações que devem ser prestadas, padronizando assim o processo de atendimento entre diferentes operadores. Além disso, indicar detalhadamente o que deve ser feito e já automatizar a maior parte das tarefas reduz o tempo de atendimento e as falhas operacionais, como erros de digitação ou informações de fontes defasadas.
Essas soluções são capazes de centralizar as informações necessárias ao atendimento, oriundas de múltiplos sistemas, em uma única interface, para que tanto o acesso quanto a entrada de dados se dê de forma consistente. Ou seja, a informação que o operador atualiza em uma interação torna-se imediatamente disponível, em sua versão correta, na base de dados de todas as aplicações de atendimento àquele cliente.
Essa automação e padronização de processos, junto ao sistema de orientação ao teleoperador, por si só já apresenta grandes ganhos de qualidade, por melhorar a experiência do cliente, com um atendimento mais rápido, objetivo e com informações adequadas. Contudo, pode-se fazer ainda mais para elevar esse índice de satisfação, pois, até aqui, as soluções apresentadas focam na melhoria do processo do teleoperador e na redução dos custos e tempo de treinamento, pela simplificação do processo.
Se existe uma coisa que irrita muito a todos nos é ter que digitar informações no atendimento eletrônico (na URA) e depois ser obrigados a repetir tudo para o teleoperador. Portanto, a integração entre os sistemas de telefonia e atendimento já apresenta grande benefício. Porém, como ir além e, ao receber o cliente, ser capaz de identificar o seu momento no relacionamento e prover um atendimento realmente personalizado?
Isso é possível com soluções de inteligência de negócio focadas no suporte à tomada de decisão, em que, no momento da interação, se pode analisar em segundos todo o relacionamento do cliente com a empresa, através de dezenas de bancos de dados, e inferir tendências e propensões, permitindo pré-estabelecer recomendações de como lidar com cada situação. Um exemplo simples dessa funcionalidade seria o que vemos nas campanhas de vendas por grupos de clientes (clusters), nas quais, conforme as características de certos clientes, os teleoperadores devem oferecer pacotes adicionais de produtos ou serviços. Mas o que acontece se o cliente, seja qual for seu perfil, entra em contato porque está insatisfeito com a empresa por um serviço solicitado que ainda não foi prestado? A oferta de novos produtos causará danos ainda maiores ao relacionamento. Ao invés disso, com soluções de apoio a decisão, o cliente, nesse cenário, seria identificado ainda nos canais eletrônicos como alguém potencialmente insatisfeito.
Ao ser transferido para o teleoperador, o agente já começa seu atendimento informando que tem conhecimento de que certo serviço ainda não foi provido, informa a expectativa de resolução e ainda, em virtude desse desconforto, oferece uma adição a seu pacote de produtos ou serviço com um valor incomparável a qualquer outra oferta no mercado. É isso que o cliente espera hoje, uma predição da sua razão de contato e uma ação imediata, objetiva e personalizada.
Renato Leite é diretor adjunto de soluções da Wittel para a área de aplicações.
*Essa é a segunda parte de um artigo composto por três partes. A primeira você encontra clicando
aqui e a terceira está disponível
aqui.
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