Prática pode ser aplicada para tornar o processo de aprendizagem mais interativo e motivador
Autor: Danilo Parise
Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro o que é a gamificação. Existem algumas visões sobre este conceito, mas o mais comum entre os principais autores sobre o tema é que a gamificação é o uso de elementos e dinâmicas de jogos em contextos que não necessariamente são jogos, como cursos, trabalho, marketing, atividades cotidianas, entre outras. Essa abordagem tem o objetivo de engajar e motivar as pessoas de maneira mais efetiva, tornando as atividades e tarefas que seriam burocráticas mais desafiadoras, estimulantes e, claro, mais divertidas.
Ao utilizar elementos de jogos, como pontuação, recompensas, desafios, níveis, rankings e narrativas, a gamificação estimula o interesse e a participação dos envolvidos. Afinal, proporciona um senso de progresso, conquista e satisfação. Na educação, por exemplo, a gamificação pode ser aplicada para tornar o processo de aprendizagem mais interativo e motivador. Por meio de jogos educacionais, quizzes, simulações e outras atividades gamificadas, os alunos são incentivados a participar ativamente, resolver problemas, explorar conteúdos e desenvolver habilidades enquanto se divertem.
Essa ferramenta possibilita a personalização do ensino, adaptando-se às necessidades individuais dos alunos e permitindo um ritmo de aprendizado mais adequado a cada um. Além disso, a gamificação estimula a autonomia e o pensamento crítico, à medida que os alunos são incentivados a tomar decisões e resolver problemas em um contexto mais lúdico e motivador.
No final dessa jornada, a gamificação contribui para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como colaboração, pensamento estratégico, resiliência e persistência. Por meio de atividades gamificadas, os alunos são desafiados a trabalhar em equipe, tomar decisões em grupo e lidar com desafios, favorecendo o desenvolvimento dessas competências essenciais para a vida.
A gamificação também pode ser aplicada com sucesso na educação infantil. Nessa faixa etária, o uso de elementos lúdicos e interativos é imprescindível, uma vez que as crianças têm uma afinidade natural com jogos e brincadeiras. É possível estimular o interesse e a curiosidade das crianças, promovendo a exploração do conhecimento de forma prazerosa e envolvente.
Estudos têm comprovado esses benefícios. Uma pesquisa da Universidade de Michigan (EUA), revelou que alunos que participaram de um ambiente de aprendizagem gamificado apresentaram um aumento significativo na motivação intrínseca e no engajamento em comparação com estudantes em um ambiente de aprendizagem tradicional. E não só no ensino tradicional. A gamificação tem sido aplicada com sucesso na educação a distância (EAD). Com o avanço das tecnologias de comunicação e a popularização de plataformas de ensino online, esse recurso tem se mostrado valioso para manter estudantes engajados e motivados, mesmo à distância – o que é um grande desafio.
Um dos exemplos bem sucedidos na educação é o Duolingo, plataforma de aprendizagem de idiomas. Nela, os alunos são apresentados a lições com diferentes aspectos da língua, como vocabulário, gramática, compreensão auditiva e leitura. Conforme os alunos avançam nas lições e demonstram proficiência, eles ganham pontos e desbloqueiam novas unidades temáticas.
Mas isso vai além dos pontos. A plataforma também introduz elementos de competição e colaboração. Os alunos podem acompanhar seu progresso em relação a amigos ou outros usuários, estimulando uma competição saudável para alcançar pontuações mais altas e desbloquear conquistas.
Além disso, o Duolingo utiliza mecânicas de recompensa para incentivar a prática diária. Os alunos são encorajados a manter uma rotina de estudos diários, ganhando pontos de bonificação por cada dia consecutivo de aprendizado. Outro aspecto interessante do Duolingo é o uso de corações, comumente conhecido no universo de jogos como vidas. Durante as lições, os alunos têm um certo número de corações e cada vez que eles cometem um erro, perdem um coração. Essa mecânica cria um senso de desafio e responsabilidade, incentivando os alunos a prestarem atenção e evitarem erros.
No entanto, é importante destacar que essa ferramenta deve ser utilizada de maneira adequada e planejada. Não se trata apenas de adicionar elementos de jogo, mas de projetar atividades que estejam alinhadas com os objetivos educacionais, promovendo um equilíbrio entre diversão e aprendizado. É fundamental considerar as características e necessidades específicas dos alunos, garantindo que seja adaptada a cada contexto educacional.
Em conclusão, a gamificação apresenta um grande potencial para impactar positivamente o setor de educação. Ao utilizar elementos e mecânicas de jogos, ela engaja, motiva e estimula os alunos, promovendo a personalização do ensino, o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e a exploração do conhecimento de forma lúdica e envolvente. Com a aplicação correta, a gamificação pode ser uma poderosa aliada no processo educacional, beneficiando tanto os estudantes quanto os educadores.
Danilo Parise é co-fundador e CEO da Ludos Pro.