Um estudo publicado recentemente por professores da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda, e da Leeds School of Business, dos EUA, mostra que as reclamações de funcionários podem contaminar o ambiente de trabalho e diminuir o engajamento das equipes. Os pesquisadores pediram a um grupo de mais de 100 funcionários que relatassem problemas encontrados no trabalho ou fora dele: desde travamento de um computador, erros de cálculo ou de planejamento, conflitos com colegas ou chefes, até excesso de trânsito ou mau humor. O estudo mostrou que pessoas com menos “espírito esportivo” sofreram um efeito maior dos eventos negativos. E aqueles que reclamaram menos dos problemas apresentaram mais satisfação no trabalho.
Com base nisso, a psicóloga e coach Iaci Rios, diretora da IMR e do Erickson College no Brasil, explica que, a algumas pessoas, quando enfrentam um problema, um revés ou um acontecimento desagradável, pode reagir pensando em formas de acabar com esta situação negativa e empenhar todas as nossas energias para esse fim. Assim, o futuro deixa de existir e acaba mergulhando mais fundo ainda no problema. “Outros, porém, quando estão frente a uma situação negativa, começam a buscar uma saída, tentando imaginar ou até projetar um futuro diferente, do jeito como gostariam que fosse. É como se tentassem responder à pergunta: se você não tivesse este problema, o que você gostaria de ter no lugar dele? E aí a criatividade, a vontade e a capacidade de cada um acabam os levando para outros mares, mais agradáveis e isto por si só os afasta emocionalmente do problema”, completa.
Ela fala ainda sobre outra diferença nas formas de lidar com adversidades. “Alguns só conseguem olhar para o problema pelo lado de dentro. Outros conseguem olhar pelo lado de fora. Ou seja, nos confundimos com o problema e aí os sentimentos negativos acontecem, ou nos separamos do problema e a calma ou até mesmo a esportividade podem surgir para nos ajudar – vemos o problema como uma coisa bem separada de nós”, descreve.
Iaci ressalta que são os nossos modelos mentais que nos fazem reagir de uma forma ou outra diante das dificuldades. E assim acabamos desenvolvendo uma postura mais otimista ou de reclamações. A psicóloga alerta que as queixas podem contaminar o ambiente de trabalho. “A boa notícia é que todos somos dotados de recursos para virar a chave se assim o desejarmos”, assegura. Para Iaci Rios, um dos papeis dos líderes nas empresas é ajudar suas equipes a lidar de modo positivo com os problemas. “O gestor vem sendo cobrado cada vez mais para liderar essas diferenças e ajudar seu time a ´virar a chave´ para um bem-estar maior, pois isso gera mais motivação, mais engajamento e mais felicidade no ambiente de trabalho.”
No entanto, faz uma ressalva: “nem sempre o gestor está preparado para fazer este papel, ou para virar sua própria chave sozinho, se for também do tipo que reclama”. É aí que entra o papel do coaching, no suporte ao executivo. “Largar um vício nós sabemos que não é nada fácil. Mas com ajuda e determinação, é perfeitamente possível”, frisa Iaci.