Quando comparamos traços de personalidade e de inteligência emocional, ligados ao sucesso nos negócios, não existe diferença estatística entre homens e mulheres em postos de liderança. Essa é a conclusão do Estudo “Mulheres nos Negócios”, realizado pela Thomas International com 137 mulheres líderes e 137 executivos. Para chegar a esse resultado, a empresa utilizou duas das suas avaliações psicométricas: HPTI (Indicador de Traços de Alto Potencial) e TEIQue (Questionário de Traços de Inteligência Emocional). Além da personalidade, as avaliações mediram o nível de inteligência emocional e os tipos de comportamentos que geralmente são associados a homens e mulheres no ambiente de trabalho.
“Combinando os resultados das duas avaliações, a conclusão é de que homens e mulheres em posições de liderança possuem as mesmas competências comportamentais, e se começarmos a avaliar os profissionais de forma objetiva, não utilizando nossos viéses inconscientes, certamente traremos maior diversidade para nossas empresas”, explica Marcelo Souza, country manager da Thomas International. Entre os traços de personalidade analisados estão conscienciosidade, resiliência, curiosidade, audácia, tolerância às diferenças e competitividade. Já na avaliação que mede a inteligência emocional considerou-se assertividade, gestão da emoção, adaptabilidade, automotivação, autoestima e empatia, entre outros aspectos.
Dados que subsidiaram a pesquisa mostram ainda que apesar de o número de mulheres nos postos de liderança ter aumentado nos últimos anos, elas continuam sub-representadas, ocupando apenas 29% dos altos cargos no Reino Unido. Essa representatividade é ainda menor em outras partes do mundo: apenas 20% nas empresas holandesas e 11% nas 200 maiores empresas da Austrália. Outra conclusão do estudo é que a falta de mulheres em cargos de liderança pode ser reflexo de nossos “viéses inconscientes”. Ou seja, os pontos de vista e pensamentos que as pessoas têm sobre os outros e que afetam a tomada de decisões diárias e o comportamento impedem que as empresas promovam a igualdade de gênero em seus quadros funcionais.
De acordo com a empresa, parece haver preconceitos inconscientes generalizados sobre o comportamento considerado normal em homens e mulheres, e isso pode, muitas vezes, impedi-las de obter sucesso. No entanto, os resultados do estudo fornecem evidências claras de que líderes masculinos e femininos não são diferentes e apresentam níveis muito semelhantes de personalidade e traços emocionais, que no caso do homem predizem o sucesso na carreira. Mas a forma como esses traços são interpretados, reconhecidos e recompensados mostra que, quando as mulheres exibem os mesmos comportamentos e traços dos homens, elas são percebidas de forma negativa. “Os viéses inconscientes fazem com que a gente avalie uma competência de uma forma no homem e de outra forma na mulher. Por exemplo, ser assertivo pode ser considerado positivo no homem, mas para as mulheres esse mesmo traço de personalidade é visto como pejorativo, ou seja, ela passa a ser considerada como ‘mandona’ pelos demais profissionais da equipe”, explica Souza. O estudo foi realizado no Reino Unido, Holanda e Austrália.